segunda-feira, 12 de setembro de 2011

PÁGINA

Principiamos a ler. O rosto inclina-se. Ainda separadas,
algumas das letras estremecem. Tudo aquilo que se sente
é a respiração que fica à sua volta. O ar destina-se às palavras
e também ao silêncio. A luz que chega pode explicar-nos
melhor o que se passa. Os olhos sabem-no. Daí a pressa
com que se aproximaram dela, até se tornar o que se leu
mais nosso. Depois repousamos um pouco. Uma das mãos
estende-se e vai ao encontro de outra página. Esta será maior.

Fernando Guimarães, "As Raízes Diferentes", Relógio D'Água, 2011.

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