- para o Herberto Helder -
Não somos os últimos, pois se
há coisa que o mundo sempre fez bem
foi acabar. De novo e sempre: acabar.
Mas já não trabalhamos com o ouro
e temos um certo pudor tardio
em falar de deus, do amor ou até do corpo.
As metáforas arrefecem, talvez contrariadas.
São casas devolutas, mães risonhas
ou sombrias cujo grito deixámos de escutar.
Do lixo, porém, temos um vasto
e inútil conhecimento. Possa
ele servir de rosa triste aos
que não cantam sequer, por delicadeza.
Manuel de Freitas, "A Nova Poesia Portuguesa", Poesia Incompleta, 2010.
terça-feira, 25 de outubro de 2011
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário