sábado, 27 de dezembro de 2008

manteiga de neblina

Há uma janela que abria paisagem
Para coisa alguma. Já é tarde, o sono
De quem trabalha no campo já lá vai há muito.
O silêncio da noite faz-me
Ouvir tanto ruído.

Imagino que os padeiros estejam bem
Mais animados a esta hora. Imagino
Uma dezena deles empoeirados a trocar
Piadas próprias entre eles. Devem estar
Cansados e sujos, mas
Estão acompanhados.

Se ligar a televisão
Sei
Que vai estar a ser documentada
A vida de
Jack Nicholson.
Joker,
The Shining
e as histórias de quem
Nunca fez questão de levar a vida
A bom porto. Tantas noites a comer manteiga
De amendoim às três da manhã e a conduzir
Com os pés.

Narram que
Jack estava nos ombros dos gigantes e eu
Nem ombros tenho para servirem de poisio a esta
Neblina que me faz estar em Edimburgo e
Está prestes a acontecer um crime mal executado lá fora.

Ainda não sei onde estou e
Não quero saber.

A esta hora
Da madrugada, apenas queria saber
Que porta estará Nicholson a machadar abaixo.
******

pedro s. martins

1 comentário:

  1. Gostei do poema, do seu ritmo, da sua fluidez e da tranparência das imagens.Gostei. Bom Ano NOVO. E felicidades para o seu blogue.
    Eduardo

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