quarta-feira, 29 de abril de 2009

consciência de um sorriso falso

(Mark Ryden)



Tenho um prego cravado
na garganta
sangra
escara obscena
sorrisa à vontade
em busca de uma corda
para espremer o prego.

Falta-me subalugar
uma vida, despindo-me desta
cadela que me arrasta para o seu
comedouro pendurado em tecto
tão pouco moral.

Odor a morte afiando
os dentes; escara voltaica
porque sim ao choro
emitido pelo laço
final da
minha poesia.
******

pedro s. martins

talvez mais parte, tardes

a foto não foi roubada a ninguém. a foto é do Tomé Duarte e faz parte do poema.


Está em alvoroço a morte do escriba
de poemas. Estou na posição de partir
freneticamente ao ritmo das pancadas
que sustêm a imitação da morte. Quantas
vezes já foram ameaçados com suicídios
em falso? Amigos que vergastaram a vida
em clamores de atenção. Alguns já declaravam
a procura do corpo, outros “movimentavam-se
em cenas teatrais”, alguns declaravam o seu próprio
óbito. Uma biografia de quem quer um pouco mais de atenção,
o esforço de subir o escadote para vos lamber
o sentimento açucarado. Nunca morrem, nunca fazem
por morrer. Levitam em torno de um desfecho encenado;
fazem levitar quem gosta deles em sentimentos
fervilhantes em tremores frios que desta seja
de vez.
Não é.
A sua fome e sede de atenção param em lágrimas
de crocodilo. Dizem que se matam, que acabam
com tudo porque nunca tiveram quem acabasse
com tudo num salto pronunciado vomitado
para as vossas órbitas numa noite chuvosa.

Desde que te vi a pele empapada no lancil,
a minha caligrafia de respirar é trémula, os passos
nunca serão certos, a música dos astros é agora
terror gritante das fendas onde bebericas
pecado sempre que gesticulas algo
pós-vida.
Podem ouvir em todo o Porto anjos caídos a tentarem
salvar-te a réstia de voz humana
encalhada na flor pulmonar

podem ouvir o teu sussurrar durante a queda se encostarem
um coração batente ao ouvido:

- deixo-vos a flor.
******

pedro s. martins

terça-feira, 28 de abril de 2009

Revista Sin-ismo


Está disponível a edição número 1 da Revista Sin-ismo - Projecto Imaginário e heteroutópico - Abril de 2009

Biblioteca Digital - Faculdade de Letras - Universidade do Porto


de tudo a nada

(imagem gentilmente cedida pela Tamara - Urban Jungle)



Não sei se eras tu
ou o berço salgado,
apenas a presença
na língua de um bebé

como início de obra
a dois.

Pedíamos as despedidas e envelhecíamos
mais umas décadas. Arrepender-me-ia
se te negasse a ida ao avançar da idade
conjunta.

O bebé adolescente, o bebé
adulto e nós velhos a ficar até mais tarde
neste mundo que nos fugia debaixo
das rugas.

Podia morrer, ficavas sozinha com o nosso
filho. A feitura do início deste poema
está já em idade de ter um segundo começo.
Será que a minha presença ainda
é necessária?

Não é.

Reconheço que nunca aguentei estas letras de vida por ti.

Por ti, era velho
e frágil. E, no final de tudo isto, com o meu
entendimento rarefeito com a vida, poder-me-ei
suicidar em letras. Bem lá no fundo, sempre

reconheceste o meu desaparecimento
em pensamentos semeados em pedras.

Deixa-me, lentamente,
olhar a noite sem fim
e ir, simplesmente ir
por quem me chama

mais adiante

ao amar-te,

ou ao sentir (ou ao amar-te) o bebé em contraluz na fase adulta,
é a forma menos exagerada
de morrer por ti. Como eu não sou,
também
tu não és daqui: és de mim.

Divirtam-se na minha ausência corpórea.
******

pedro s. martins



segunda-feira, 27 de abril de 2009

imolado

(imagem cedida por Gabriela Rocha Martins - .canto.chão.)



É preciso matar baixo junto
da pensão no centro de Lisboa. Havia
um homem que se purificava no orvalho
do sexo oposto dentro.
O orvalho de anos a vestir-se de mulher; mulher
a vestir-se de homem.

Em Lisboa a comprar roupa para a sua personagem
do dia. Não havia pêlo no seu corpo que não
jubilasse de alegria por ser outro
que não ele.

O sangue de alguns corre
na felicidade do fogo, e ele era fonte,
ele era combustível,
ele era seiva ardente,
ele foi acendalha suave
para divertimento de quem
lhe ateou fogo.

Enquanto na fogueira se procura
a labareda, no fósforo a chama,
no homem imolado o dispersar
da luz contida na raiva. Algures na paz
da terra mãe, o grito solo do terror
pai.

Não vi a imolação, estava fora
deste mundo, mas a multidão pagadora
de bilhete para o espectáculo,
adjectivou o acontecimento de, pasmem-se,
“macabro e misterioso”.

Mesmo, mesmo,
mesmo que o chinês estivesse preparado
para a morte, três dias bastaram
para que o archote da nossa carne conjunta
se consumisse em gritos
fulminantes

que batem
em cheio entre os ossos
e as veias.

E então, imolado no meio da rua, olhando,
escutando, sei que os veios de ouro
foram caçados pelo caçador,

será esta massa rúbea aquilo
a que o beijo de poeiras interiores chamava
de amor.
******


pedro s. martins

quando morre quando

(Da cidade - Maria João Lopes Fernandes)

Esta treva estática de veres uma paisagem
demasiado longínqua do que a minha,
faísca-me
selvaticamente pelas aberturas
do corpo
sem lirismos ou coxas.

São seis da tarde; são seis da manhã. Olá
e o hemisfério a dizer-me que o sono
acabou de desovar. Não quero estas
pessoas;
não quero estes cheiros;
não quero este ser e não quero
ser aparição diária em fuso errado.
Não quero um adeus a começar.
Queria saber-te como a nossa idade: palpável
palco de solidões encenadas.

Da espiral que ilustra este poema, Maria
João disse que ergueu uma casa e
no seu interior habitam memórias
onde percorre
a terra com os pés no chão.

Na espiral que açambarca a ilustração
em forma de poema, também
há uma casa construída por dentro dos olhos de quem
o escreveu, porém, nela não habita nada,
é vazia de passos
a indagar
o dia de amanhã em bocas negras
de doce tacto.

Sou alimentado por uma musa a quem este poema
é dedicado. Todos os dias e noites e madrugadas
sou abismado pelo alumiar que esta mulher provoca
em mim.
A abundância de talento é tal,
que dou por mim a querer partilhar blindmelon
com as mãos fixas à sua volta. Ponto a ponto,
a morosa aproximação da sua presença cirúrgica
no meu pensamento aproxima-se,
queimando-me o poema,
queimando-me as letras,
salvando a aguarela debaixo
do braço e aí vou eu, e aí vem ela.

As fendas luminosas de abandonar o poema doem,
mas, a ser verdade tudo o que disse até aqui sobre
ti,
a felicidade de haver calcinado hemisférios
de ruptura suplanta o mundo, onde apenas ficavam
as mãos
entre o abismo e a paixão.
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pedro s. martins

sábado, 25 de abril de 2009

cordel I

Uma cabeça grande dentro de uma
cabeça pequena,
a bombear, um todo,
um fundo, cefaleias perpetradas
e desaparecidas quando as suas leis
assim o ditam.

Podia acertar calendários pelas dores
que se escutam em silêncio. Demoram
o tempo suficiente para alinhavar
um novo poema. Ecoam
o suficiente para conseguir ouvir a voz.

De quem?

Olho o caderno e vejo palavras desregradas
rindo
na cara dos meus dedos. Tudo o que sempre
fiz,

foi seguir o trilho deixado, tal como a outra
senhora seguiu
as migalhas.

E tudo isto é apenas uma forma
de dizer que sim
ao pensamento aceso
sem perder o rasto
ao regresso.
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pedro s. martins

sem título



pedro s. martins

sexta-feira, 24 de abril de 2009

jup

Edição Março / Abril.

Disponível em qualquer faculdade do Porto ou no JUP - JUP, Jornal da Academia do Porto
Rua Miguel Bombarda, 187
4050 - 381 Porto.

Na página vinte e nove, alguns inéditos meus.

Se não tiverem uma faculdade por perto, podem lê-lo na íntegra,

aqui.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Soft Shock



(imagem de pedro s. martins)

Nunca se olha para o espelho
sem que a crista esteja devidamente
esquadrada. Sensação pululante de se constatar
naquilo em que a noite torneou
a carne.

Sonolência animal, rarefeita do algodão,
rítmico quotidiano ditado pelas complicações
de um relógio velho incrustado pelas antigas
noites.

Cada vez mais, as noites são suspensões
menos dos dias em que não quero viver. Pudesse,
ser outro que não este insecto exaltado, e as manhãs
teriam o cheiro ameaçando que estava tudo
bem. Está tudo bem, meu filho.

Brincando com o ar do despertar, ventre, constelação
dos dedos
da parteira, rodado, vive rapaz, respira, chora
enquanto comoves quem te espera há meses.

Cama, toque a galope, espelho – não pode ser
apenas isto. Quero acordar e transmitir a minha nova
forma, exercício de dança rolando
entre melodias dos
Yeah Yeah Yeahs e as palmas embatidas
no tecto do mundo. Dança, pela boca, membros exaltados,
pardal, grato ao gato, uma braçada de lenha
para o meu fogo lavrar até a música
acabar.

Será por isto que Cardoso Pires fumava ao espelho
acompanhado com o seu sorriso de puto? Sem parar,
glória à terra e a tudo o que ela
nos consome na toca dos lobos onde não há ateus.

E agora, senhoras e senhoras, meninas e meninas, penteado
de crista simétrica, é o meu regresso ao esplendor desta
vida só: fora com a cabeça. Não passo, todas as manhãs,
de um rato de sarjeta a olha pelo respiradouro
para o que podia ser a minha vida,
depois de virar costas
ao acordar.,,

organismo equilibrista à procura do desequilíbrio
no meu ilustrado reflexo.
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pedro s. martins

quarta-feira, 22 de abril de 2009

o grouse que me ilumina

(imagem descolada da casa real - casa imaginada)


Não mais a poesia, à boleia
de estantes quebradas e crepúsculos
separadores de letras inacabadas
em gestos de pensamento
que teimam em chegar tarde.

Volto a ter o papel vazio,
insónias de criatividade para suportar
estas mentiras abafadas por “song for
the deaf”. À boleia do que vou lendo,
à boleia do que vou vivendo, o corpo
hesita em aquecer o choro
e fica-se com a sensação de desastrosa
escrita na vertical.

Volto ao papel branco, à memória
cheia, a imagens e a sentidos suburbanos,
sempre que recomeço este gesticular demente,

ganho a certeza que a poesia tem tão pouco
de escrita e tanto na maneira de se estar
pela recolha de letras no subalugado
condomínio com traseiras para a morte.
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pedro s. martins

terça-feira, 21 de abril de 2009

entre o vivo, o não-vivo e o morto #3

(Isotta Dardilli -www.isottadardilli.com)












transcrito na íntegra daqui:

o #3 está quase aí!!
Estando a entre o vivo, o não-vivo e o morto a caminho para o terceiro número, podemos agora revelar um pouco do que pode ver no próximo número, que sairá em Junho de 2009.

Entre a poesia e o ensaio (passando por diversos estilos narrativos) temos como participantes para este número: Adolfo Luxúria Canibal, Henrique Manuel Bento Fialho, J. M. de Barros Dias, Paulo José Miranda, Pedro S. Martins, Rui Manuel Amaral, Rui Sousa, Sílvia das Fadas.

Gonçalo Frota entrevista Beatriz Batarda.

A novidade deste número é a inclusão de crónicas. Começamos com dois cronistas: António Carvalho e valter hugo mãe.


Na parte gráfica da revista:

Todos os textos foram ilustrados por Kaja Avberšek.

A folha central apresenta o trabalho de Marija Toskovic, com 3 das suas gravuras.





E a concepção gráfica e paginação da entre o vivo, o não-vivo e o morto está a cargo de Pedro do Ó.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

carpideiras ao som de blues

Vinte anos depois
de estagnarmos de lagar
em alambique, aprenderemos
a ouvir a voz da alegria decepada
pela nortada
reconstruída fora de época.

Em cada gesto, a lentidão
do habituar – como tu gostas
de cantar – aos vales
infectados pela pródiga tristeza
dos alicerces humanos.

Eterno e inglório descontentamento
do lento cuspir
de mar
que nos lavrara os órgãos poluídos.

Chego de não ter traído a minha condição
para perceber,

finalmente, a corda unificadora
colar de letras até aqui – não há diferença
entre estar sentado no topo
ou dentro do mundo – cairemos
todos na tentativa de nos erguer.

Membros escarpados pelas lâminas
da inércia distractiva. Apenas
a morte nos fará
levantar todos da mesma maneira
para nos deitarmos a beijar
às carpideiras:

torneadas anunciantes da boa-nova.
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pedro s. martins

quinta-feira, 16 de abril de 2009

ela não vai

Já sentimos os primeiros
morangos do ano a cobrirem-nos
as línguas mortas. Está quente e chove
dentro,
ouvimos o crepitar do fogo das guerras,
estamos em paz,

dirigimo-nos para mais perto do desassossego
procurámos incessantemente
a primeira fila de um espectáculo
tragicó-poético

parece até que descemos até à fronte das balas,
beija-las antes delas se despedirem
direcção ao pequeno cemitério

mais um passo e queremos
o definitivo lugar no definitivo anoitecer,

descansa finda luz de esperança, paz à tua
vontade
feroz luta empreendida na estupidez
humanamente animal.

Sou marido da solidão e contigo sinto-me
traidor da minha causa maior. Entoas um canto
triste por não
estares a voar sobre a morte, cais na leva de cabeças
erguidas,

acabas o canto e deixas a solidão toda para mim,
e esta é a menos metafórica porcaria que alguma
vez
te escrevi.

Morres agente da tua causa
e sei o sítio exacto onde me vais aparecer
daqui a alguns tempos cinzentos.

Disseste:

“leva o cinzel, estarei feita pedra.”

Discreta erótica a tua formação de morte,
sinfonia mal
pensada ao ser criada, ouvimos os quatrocentos
possíveis
esquecendo o único impossível permanente. Não
faz

mal. não esqueci o cinzel e as mãos para te esculpir
de volta à vida. Meus amigos, assim se publicita a morte,
assim se mantém a fim
no inicio. Olhei mais uma vez o mudo que fui até aqui
apenas para acabar este poema com
uma vírgula precedida da convicção
que isto
nunca será uma metáfora a tua
vida de musa
odiada em saudades.
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pedro s. martins

terça-feira, 14 de abril de 2009

agasalho e Camel

(imagem do Sr. Basquiat)

Ontem foi um dia
agasalhador. Frio e chuva, neve e gelo
preto substituído por um striptease
que só a alma sabe fazer.

Sem pernas bem torneadas, sorrisos
plásticos ou mamas de fazer corar
aqueles que têm mau gosto,
encantou-me o sopro dos seus
gestos.

A meio do espectáculo, saí
deixando-me onde estava sentado. Meia volta
e olhei para perceber que a cadeira
estava vazia.

Aproveitando o lanço, dirigi-me a ela,
Interrompi-lhe o espectáculo e sentei-me
no seu colo a chorar. Continuei a celebrar o momento,
e entrei-lhe pela boca.

Encontrei-me lá dentro. Ou seja, encontrei-me a mim,
a mim que tinha deixado na cadeira e a mim
que estava fora da alma. Demorei algum tempo
a acostumar-me a este calor e a estas tonalidades
alaranjadas, porém, foi

fácil perceber que todo o espectro cénico decorria
dentro e fora de mim. Era palco e
espectador. Era eu que me despia
e
batia palmas, assobia, uiva: comportamentos
distintos de macho que cresceu à força de (apupo
este fragmento frásico)
influências.

Acabou, recobro de sentimentos, regresso à minha
embalagem de fabrico para sair logo de seguida:

é impossível escrever este poema dentro do meu corpo, tenho
tanta cangalhada entre a alma bailarina e os dedos, que só
daqui consigo chegar às letras.

Talvez logo regresse à minha forma corpórea. Dependerá do frio
que aqui estiver.
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pedro s. martins

segunda-feira, 6 de abril de 2009

influenza

I

Influenza cintilante,
o que é preciso,
doutor, para o deixar cativado? As curas andam caras
e tu
rastejas no limbo a tempo de regredires
à origem. Sei de tudo isto porque
discutirás no teu ontem – meu amanhã – em discurso
encenado na sabedoria do
precário.

Criarei a noite petrificada
para que a exaltação seja nula.

Ouve-se daqui a ranger da dentição
que te ocupa a situação. Revela-te as falhas,
as gengivas derrubam-te a existência
com a sua inflamação de crenças e rituais. Esqueces-te
dos acordares da morte.

Sentado em escaras e apenas
deliras com trechos
de idas ao passado por força de tratados
que deixarás na clara pendência.

Influenza aterrada em gestos presunçosos sou eu
que caminha a fúria em mim.

E com o erguer da sombra do teu braço,
queria-te lamber as feridas da alma e
deixar a saliva lentamente a servir
de cicatrizante flutuante.

Queria-te raspar (influenza) do corpo mole
com uma espátula de cinza quotidiana
para não te deixar esquecido no
lento arfar que as palavras despenhadas
ainda têm em ti.

Casei com o conceito de te salvar, mas sou
amante das circunstâncias.

O tempo avança e tu não. Queres revelar-me
a sublime colisão com o vazio, a derradeira
visão da distinção entre ti e a tua sombra colorida
pelos resíduos que me ficaram. Não me achas cansada
de ser hemisfério estacado no magnifico acto
do luto moderno?


II

Chego a casa do tratamento e lês em voz
alta aquilo que será o píncaro do meu funeral. Descubro
lentamente que estou quase a deixar-te e não me lembro
de tudo. Apenas memorizei que começas na influenza, passas
pela minha cura através de saliva e acabas no luto moderno.

Decora-o. Depois de amanhã
será um funeral chuvoso.


pedro s. martins

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Unicórnios e algodão doce

(foto alegremente roubada a Tomé Duarte)

Para este que aqui morre nem todo
o universo chegaria
para o cobrir

tal é sua
a pequenez de ambos.

A perda não será totalmente
inglória;
ficará a roca, o rosto,
o andarilho e a espinha, despojos

cruciais na construção sólida de um
poema com uma mensagem
subliminar.

Àquele do ilhéu deixo
também uma garrafa vazia
e uma rolha para difundir a mensagem

com mais eficácia. Porém, temo que a mesma
lhe chegue ensopada e ilegível.

E agora que entretive alguém,

vou para casa, na espera pela minha vez.

Com a escrita deste poema fui-me apercebendo
da morte
como um processo lento, tal é o tamanho
de vida que temos
que abocanhar.
******

pedro s. martins