sábado, 20 de dezembro de 2008

ओ होमेम कुए लिया चुवा

(previamente publicado na casa dos poetas)

O homem está
Contra o homem
Numa luta contínua. Ferram-se mutuamente
Onde lhes dói mais: no ego animal
E é injusto assistir a esta peleja invisível
De um miradouro situado a fossos intransponíveis
Quando eles, homens, não me conseguem ver
Choro enquanto assobio rezas inúteis

O que vai ser do homem quando o homem o matar?
Cansado de batalhar ao espelho, senta-se numa pedra
E vejo-o ler a chuva que lhe cai na alma
Ambas tingidas de preto morte
Vermelho sangue que o seu igual derramou
No nosso colchão comum. Esperam-lhe o peso na consciência
Que deviam ter tido quando lhes segredei ao ouvido enlameado:
«Olha que aquilo que atiras ao teu semelhante não é mais do que a tua existência
[em forma de bomba]

Caio ao caíres na vala que juntos escavaram. Era o aviso e não sou
Mais do que vocês que por aqui já não estão. Cansei-me da vida quando
A vida me deixou à espera. Cansei-me de ti quando não estavas. Cansei-me
De existir enquanto nos matavam estrelas a caírem no quintal. Cansei-me apenas. E de que vale escrever as letras quando quem ia falar a lê-la já cá não está? Cansei-me.
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pedro s. martins

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