rachel giese
(Um segundo;)
Acende-se
(Dois segundos;)
o crepúsculo
(Quatro segundos,)
em todo o seu esplendor,
e todo o tempo do mundo a cair do alambique
onde a vida é feita para o chão. Escorre a passo
de segundo onde a pressa são
espaços entre duas memórias. Foi-me dada
a linha média entre ambas, e eu sem perceber
esmiuçava a aspereza de querer sentir
a matéria a aquecer com o meu corpo
gélido e apagado
(nove segundos)
É tudo o que tenho para te dar: a espera rastejante.
O desejo sinónimo de camélias e estrelícias
na
ponta da tua
carruagem de improvisada
despedida de mim, ensaiado regresso
à outra memória cão cadela, osso duro
de roer, carne de difícil digestão à passagem
pela dor.
(vinte e três segundos)
Fosse gado e a água que caiu era
marca na coxa do meu passado
para me lembrar a quem pertencia o meu
futuro desde aí. Já cuspi a memória
treze vezes desde que aqui cheguei
e fica sempre um resquício agarrado
ao tacho.
(trinta segundos)
Resta-me a transmutação de corpo; trocar
este velho rastejante por outro que não eu.
sou fervura branda a esmorecer sem nunca
chegar ao superlativo do acto lembrança
da conjugação amar.
(a eternidade)
O tremor do mundo é a minha conquista
em forma de desejo. Se não o mundo, eu.
Louvores de querer ficar mais um bocado
de cicatriz contigo, querer mastigar o momento
e empapa-lo numa digestão eterna.
(cheguei)
Sobre a carne doce e confusa, o meu sono.
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pedro s. martins
ai!
ResponderEliminarQuisera eu mastigar o tempo
ResponderEliminarAo invés dele me mastigar,
Mas parece que não daria tempo
Nem mesmo de tentar.
Quisera eu seguir com a vida
Ainda depois que a vida acabasse.
Ficaria parado à espera ou sairia à corrida?
Só a vida resolveria o impasse.
Meu amigo deixei um selinho para si no meu blog, com carinho. Vá buscar, sim?
ResponderEliminarBeijos de luz
Isa
ResponderEliminarPedro, para mim esse poema
trouxe uma urgência e também
uma expectativa que não sinto
em muitas leituras.
Achei formidável!
Muito obrigado.
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