Comeu do chão as sombras
possíveis e enterrou-se
nele a seguir. Para que não
restassem dúvidas da sua
passagem,
deixou a sua sombra a fazer
de lápide.
Da sombra à terra revolta, um cordão
metálico até ao fôlego que ficou
retido na garganta.
Na sombra,
as feições do rosto: nariz adulado
pelo sexo oposto, lábios gretados e
rugas que lhe faziam a testa
pautada.
A revelação lenta de que tinha deixado
uma convulsão de homens mais
puros ao comer o seu passado.
Vive agora subterrâneo. Astro. Pleno em cores
inventadas para ilustrar o seu enxame de estados.
No dia que hoje for, é ouvido a talhar o chão e a incorporar
pupilas de animais com ciência no comportamento
e cicatrizes no olhar.
Daqui a uma semana
recomeçará a lamber as sombras e a mergulhar
lentamente
na cicatriz
da sua própria poça de negrume
definida no côncavo
chão do sono
só por ele conhecido.
******
pedro s. martins
só compro se tiver detalhes sórdidos
Há 1 hora
nossa, que incrívelma de primeira grandeza. naturalismo sem ismo. há até laocoonte, ugolino. há o meu nordeste brasileiro. nos-sos olhares.
ResponderEliminarabraço pra vc e estes que pinta :)
Pedro s.martins
ResponderEliminarQue a sombra não seja mais que o movimento do teu corpo quando na destreza olhas o céu de nuvens, brilhante de estrelas ao meio dia da vida bem vivida:)
abraço
Pj
"A revelação lenta de que tinha deixado
ResponderEliminaruma convulsão de homens mais
puros ao comer o seu passado."
dizem que quando morremos ,21 gramos do nosso corpo desaparece. creio que seja o passado se desfazendo em nada ,se livrando do medo ;o peso ,de não saber do futuro que acabou...podendo agora então descansar.
Belo poema e até a próxima!
ps: valeu pela visita.
saludos, Anita.
Excelente poema.
ResponderEliminarViagem ao fundo de em corpo.
ResponderEliminarCatarse e recolhimento.
Um poema visceral do corpo à terra, da terra à sombra, da sombra a si mesmo, de si para o fundo das trevas. Forte, belo. Gostei.
ResponderEliminarSe há sombra... é porque há existência e o sol brilha!
ResponderEliminarMuito bom.
Com sombras e cicatrizes no olhar: assim se faz uma viagem interior da alma. Poema muito forte e belo.
ResponderEliminarUm abraço.
que forte, pedro! me senti sagaz, viajando pelos campos da matéria, corpo, alma, luz e sua densidade.
ResponderEliminarMuito intenso. As sombras sao assustadoras, mas ao mesmo tempo mágicas. :)
ResponderEliminarEsconder em sim mesmo, ou qualquer outra coisa, não é bom, pois qualquer desafio é uma oportunidade de crescer...
ResponderEliminarFique com Deus, menino Pedro.
Um abraço.