Ao contrário de Ginsberg, eu
nunca vi os mais inteligentes da minha geração destruídos pela loucura,
esfomeados histéricos nus,
vi os mais inteligentes desta geração engolirem-se em seco o vómito
dourado da espera rutilante. São o nascer do sol dos que chegam
deste tecto a eles.
Como os vamos não-destruir pela não-loucura? Sabemos de cor
quem entra no objectivo 27, pois somos aqueles que não vamos às putas
de lábios reais, verbo sujo e com olhos de país a cair. Nunca entregaremos notas de euro para que sejam conspurcadas com o sémen
amontoado em remoinhos
de matéria de quem recebe o que chega
do pagante seguinte em euros, pois
a boa vontade de foder é unilateral.
Cobre-nos o elitismo do copo de Beirão e chapéu tão na cabeça nocturna como deslocado
com os candeeiros
acesos às horas que escondem este poema dos que vagueiam na floresta da minha ausência.
A ribeira não quer saber desta geração, nem tão pouco deste texto ou do rio.
E os que lá
andam, apenas
tentam fugir ao estigma que a vanidade é treta de sofá. Os mais
inteligentes da minha geração têm a ferida primeiro como uma dádiva
dada por não sei quem.
Estes somos nós, de olhos fixos na morte enquanto somos vida. Até lá,
pelos acontecimentos deste texto – poema – voltaremos à fonte da canalhice,
onde as sombras escorrem pelo coração esquecido dos que bebem copos, trocam
notas amarrotadas por um depositário de sémen
e lêem mastigando poesia com as mandíbulas que passarão
aos próximos, a todos os próximos,
à geração do objectivo 28.
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pedro s. martins
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