domingo, 24 de abril de 2011

O DESERTO

A cada instante ladeio
a malha entre dois passos
na teia (que orbe!)
duma aranha sesga.
Por cântico fúnebre,
apenas o silêncio audível;
as notas fluem na aérea
ausência de pauta.
Dar a esta caligrafia
a incisão
de um dorso de camelo,
bossa a bossa ondeando
contra a face da lua.
E em meu lábio
deixar às aves
as sílabas mais tenras.

Sebastião Alba, "A Noite Dividida", Assírio & Alvim, 1996

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