terça-feira, 16 de agosto de 2011

AINDA ONTEM

Não é em vão que chamamos por ti,
embora nunca saibamos chamar
se tu não nos ensinas o teu nome

para que possamos morar contigo
no segredo, na mesma direcção
de sempre que vizinhos e carteiro

conhecem. Sem problema de maior,
indicam a quem quer que lhes pergunte
a porta, dão informações. Agora

não está, deve ter ido ao café.
Nunca nenhuma carta se extravia
e todos me viram ainda ontem

a passar na rua com os jornais.

José António Almeida, "A mãe de todas as histórias", Averno, 2008.

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