Como um pássaro preso num azulejo,
(cerâmica da alma)
Digo-te que não, que não, que tudo
Aquilo que queres fazer, ir, morrer morder e
Somes-te a deixar o azulejo em água. O frio da
Tua presença é o quente da tua ausência
Longa.
No halo da beira do copo
O cigarro consome-se preso
No ar entre filtro e cinza dura,
Prensada pelo puxar e empurrar de quem
Marca páginas com vícios.
Quem me dera ser cinza, borra, comido
Puxado e empurrado.
Queimado, e consumido. Vício de
Prazer queimado e ferrado nos beiços
Escuros retocados de amarelo-torrado
Sejamos nós
Químicos mecânicos animais orgânicos
Caseiros.
Sejam vocês,
Ovos de um útero maior
Que o amor que vos trouxe até aqui, até nós,
Até que o filtro vos deixe de consumir a vocês também
Todos.
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pedro s. martins
Sobre Livro do Desassossego
Há 13 horas
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