domingo, 21 de dezembro de 2008

quarto de noite

Tresmudas o cabelo em fogo. Consome-te sem
Que dês conta que a tua cabeça é
Braseiro contaminável de falta de sentido. Corres
Sem a pressa do destino.
Voltas à posição de criança – não aos pensamentos.
Dás liberdade às serpentes que te corroem a alma e
Vêem na tua boca saída de casa eterna.

Imagino-te feto dentro do ovo. Ovo dentro da mãe. Mãe
Pousada em cima dos pequenos filhos crias tal como
Pássaro no galho verde que dobra e não parte. O filho
Chama-te por aquilo que sempre lhe foste: mãe. E são
Noites de órgãos ardentes que tilintam a dor do esquecimento
São filhos que caem
Não voam.
Caem a pique vertigem rançosa do galho casa ao abismo do chão morte
Não voam, vestem-se de pedra e limitam-se a imitar a maçã mor. Caem.
Choras tudo o que não lhe deste e que podia ter sido
O leite matéria da vida, fecundação de génios e calhaus
Berras o nome do que cai no silêncio daquele que voa
(és galho que verga e não parte)
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pedro s. martins

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