sábado, 20 de dezembro de 2008

mascavado

Mastigo açúcar
Apenas açúcar com a saliva
Que não consigo engolir.

O calor humano fechou-me a traqueia;
O calor humano fechou o açúcar numa
Pasta caramelizada.

Morria por este estado de ser diluído
Na própria boca. Servem-me os dentes
Cerrados como tela e
A língua lamacenta de pincel

Para desenhar a última passagem da minha
Estadia eremita.
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pedro s. martins

2 comentários:

  1. o calor humano e toda euforia produzida pelos orgãos é só uma ilusão inquietante para lembrar-nos que por trás do sol existe gelo. depois do gozo, o pranto.

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  2. E que "a língua lamacenta de pincel" ascenda a poemas como este!

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