imagem gentilmente cedida por gonçalo franco - imagens cruzadas
Imagino que sobre a promessa
virá um céu de espuma
para contemplar
a desilusão
da ilusão de chegar à verdade
e ficar
aprisionado
em gavetas das quais
emprestei a chave à esperança.
"- onde colocaste a chave, Esperança?"
Fico apeado no verso
que era meu
e não arranjou
novo dono.
Resta-me a espera da espera.
A vida é a espera de!
Na maternidade
nunca nos deviam
dar uma bofetada para chorarmos.
Deviam
agrafar-nos uma senha à boca
com
o número da nossa vez
para sermos
desiludidos.
Este tempo aqui sentado arde
sem luz.
Estou entregue ao
silêncio que o
meu nada faz.
Vejo ao longe
a glória que actuais
alcançam meteoricamente.
E eu aprisionado numa cela
sem vista para as pranchetas
da David.
Toco ao de leve a maturidade
para que me digam que não
entenderam este poema
escrito numa mesa com vista
para a vista
do Brasil que por ali deve estar,
algures.
Se não perceberam, releiam.
Estes
versos não passam de um monte
de lixo escondidos
debaixo de dez unhas pintadas a verniz
encarnado.
Se continuam a não perceber, peçam um frasco
de acetona na drogaria do
Senhor Quental.
rs... ai, Pedro! És um gênio.
ResponderEliminarBeijos
E citou o Brasil!! Amei!
ResponderEliminarMira-te pelo calendário da flores
ResponderEliminarQue são só viço e esquecimento.
Desprende-te dos ofícios do dia,
Apaga os números, os anos e anos,
Releva a data de teu nascimento.
E assim, por tão leve sendo,
Por tão de ti isento,
De uma quase não resistência de pluma,
Abraça o momento,
Te apruma,
Tome por bagagem os sonhos
E apanha carona no vento.
(Fernando Campanella)
um abraço
Quem precisa de chave - disse-lhe Esperança, quando ele adormeceu em cima de papéis pintados de desilusões - quando tem palavras?
ResponderEliminarAlgumas das obras nascem de papeis preenchidos de desilusões. E para os ler não é preciso chave.
ResponderEliminarE para os sentir não é preciso nada além de se emocionar com os outros.
Tens um desafio no meu blog
ResponderEliminarBeijos
nossa. pra que acetona?
ResponderEliminaracetona
ResponderEliminarde acetum
s. f.,
líquido incolor volátil e inflamável, de cheiro forte, agradável e característico, miscível com a água e com o éter, que se obtém decompondo, pelo calor, os acetatos e usado no fabrico de lacas e como dissolvente.
Perceber....Percebi.....
ResponderEliminarDesilusão....
Gostei. Parabéns
bjgrande do lago
O que mais me satisfaz é quando alguém diz (e sente) que compreendeu um poema meu.
ResponderEliminarRealmente, este poema é sobre a desilusão. A mais crua e ferrada desilusão.
Obrigado por ler e perceber.
Beijo