foto gentilmente cedida por José Manuel Vilhena - Ruinologias
o meu pensar é criança
a correr descalça por entre
ribeiros
de água cristalina.
A minha solidão é
a sua avó.
A minha tristeza, de tão fria que é,
transformou a chuva que lhe caia
sobre o cocuruto em neve.
- Olha, neva cá dentro, onde a hipófise
é nome de rua ou apartado.
A completude deste choro por inteiro
serve para não te voltar a perder, autor
criança de obra maior do
que abranges
entre mãos.
A facilidade de retornar ao andarilho
estanca e cintila como
as côdeas
de memória que fui semeando até chegar
aqui:
precipício onde todas as errantes
raízes me tomam os pés
como seus.
Faço o caminho inverso.
Degusto
as côdeas uma por uma
e quando dou
por mim estou na maternidade à espera
que me cortem o cordão umbilical.
Daqui a 25 (vinte e cinco) anos
percorrerei
de novo este caminho,
de novo a comer
as côdeas que me foram caindo
dos bolsos.
Tudo,
(sem margem para nada)
apenas como uma diferença.
Então saberei
que amar em silêncio é como
o ranger das gengivas nuas
depois
dos dentes que por ali iam acasalando
terem-nas deixado
ao eterno abandono.
E que a terracota de que serei feito
será padrasto de todos
os moldes personificados
que o meu
corpo ostentará sobre uma
cadeira alva, no dia do meu
segundo
vigésimo quinto
aniversário.
Obrigada por me teres convidado a vir até aqui, onde já estive várias vezes e te comentei, salvo erro. Beijos.
ResponderEliminarApenas para não cair em esquecimento.
ResponderEliminarSobretudo, espero que goste daquilo que por aqui vai lendo.
Beijos
Nascer e renascer, isso é fato, tantas vezes vivenciamos.Belo poema, gostei de ler nas entrelinhas.
ResponderEliminarBeijos carinhosos.
Cleo
Excelente poema, como de resto são a maior parte dos que aqui publicas. Espanta-me a muita qualidade da poesia que vou vendo nos blogs, espanta-me ainda mais, ou não, as dificuldades que se encontram nos caminhos da publicação em papel impresso.
ResponderEliminarEm poesia, como em muitas outras coisas, o valor principal é o da originalidade da forma, a capacidade de plasmar a nossa impressão digital na obra - E a tua impressão está nos poemas.
Escrevo isto com independência mas também com pouco conhecimento de causa, isto porque, talvez por me faltar musicalidade, sou um poeta capado, por isso prefiro guardar força para as prosas.
Pedro,esta cadeira,para mim,representa um daqueles momentos em que somos só luz,ou sombra,e nos limitamos a isso.
ResponderEliminarAcho as suas palavras doridas.A vida só é fácil para quem não repara nela.Gosto do poema por isso.
um abraço
JMV
nuuuhsa... muito bom
ResponderEliminar" A minha solidão é
a sua avó. "
O amor que ama em segredo
ResponderEliminarSó pode ser uma traição
Que se esconde atrás da máscara do medo
Planejando ir logo pro caixão.
Mais oui, continua bom o tempo aqui, e lá fora o nevoeiro...
ResponderEliminarExistem por aqui comentários que são melhores que o próprio poema.
ResponderEliminarFazer o caminho inverso. Morrer e renascer quantas vezes for preciso...
ResponderEliminarGostei do poema. Um abraço.
Por vezes,
ResponderEliminarrenascer apenas.