segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

c


foto gentilmente cedida por gonçalo franco - Imagens Cruzadas

Pelo entremeio da plástica sonora

que o remexer nas cicatrizes faz,

o meu rim maduro ouve o segredo

que o Justerini e o Brooks têm

para lhe contar.


Aguardo


o inventário

que os senhores de vestimenta

branca me hão-de fazer.


Já não resisto ao fogo como antigamente,

deixei de consegui ver as árvores porque

os ramos me

cegam o mais além.


Sobra-me a exigência para o futuro:


aprender os gestos de criança

que este vício de viver

me foi tolhendo

à vez.


No meu estado mais


convalescente


é a B que me faz feliz. Ou será a C? Discernir

nomes


de apelidos


nunca foi comigo.


Conta-me a felicidade

com o contentamento

da resposta (ainda me vais responder com um

livro) letal que me

dobra

e coloca à espera de lhe curar

as querelas dos dois dias que precedem


(o depois;


o depois;)


o depois


de amanhã


as tuas letras estão doentes

de quilos

ao colo diários. Sou

o frágil que não te comentará

com lirismos e pretensiosíssimos

adjectivos

de bota a marcar passo cada

sílaba.


Espero-te a música que me estás a

compor

salteada por entre o resto que

nos comporá

a morte.


Separados pelos metais internos, havemos

de sucumbir à saudade de não

nos termos no café da sanzala

dos homens homens,

não dos homens apenas.


E dir-te-ei eu um dia à chegada: Boa existência,

sou o Duarte. E não

fosse o fecho da vida às 19 (dezanove) horas,

dir-me-ias que estava a chover dentro do comboio

que te fiz sonhar.


Não me leias amanhã, porque, como alguém um dia

me disse: morre-se todos os dias,


percebes?

******


pedro s. martins


3 comentários:

  1. Poucos são os homens homens, a maioria é de apenas homens.
    E morremos todos os dias um pouquinho, mas só em parte. Outra parte de nós, que fica, ressuscita todo dia.

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  2. poema absoluto... absolutamente.

    abraços

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  3. A flor,
    Cada vez há menos homens homens.


    heretico,
    É mesmo absoluto absolutamente.

    Este foi escrito com o coração nos dedos.

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