segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

um nove vazio

(ilda david)

Ofereceria

de

bom grado


ao penedo adulto que faz sombra a

minha juventude toda a lama

de inocência colorida onde


a minha

infância

patinou caiu sorriu dançou


e,

finalmente,


levantou o seu peso num

sorriso desregrado


não a tivesse o sol transformado

em crosta carapaça

de tartaruga velha.




chego ao ano 9 (nove) de mãos

vazias.

Doei todos os poemas

a quem pedia letras

para matar a fome

de liberdade

imaginativa.


Estrofe a estrofe,

título por título,

tudo foi deglutido.


Debaixo das minhas

unhas tingidas


pela

métrica da

construção fingida


fiquei apenas com as

cinzas

habitadas pelo

silêncio

das aptidões humanas.

******


pedro s. martins

13 comentários:

  1. Mas é assim mesmo. O que não quer dizer que devemos parar.
    Cadinho RoCo

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  2. Pedro,
    Muito obrigada pelo convite para visitar este blog.
    Os seus poemas são excelentes!

    Deste poema,saliento esta parte: "Doei todos os poemas
    a quem pedia letras
    para matar a fome
    de liberdade
    imaginativa."

    Lindo! Lindo!

    Beijos

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  3. Sentir-me vazia em letras, nunca...
    tudo faz de nós puros amantes
    incondicionais do pulsar
    que rodopia, quando apressadas
    de vontade
    se tornam as palavras (des)contidas em sentidos
    nunca antes pediram
    o silêncio

    Para si obrigado
    BEM HAJA
    Carla

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  4. Uma construção lirica na sua existencia.

    Parabens Pedro seus poemas são belissimos.

    Abraço.

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  5. Salvé!
    Vim agradecer o seu contacto...
    realmente se não se fizesse presente...nunca viria aqui...pois desconhecia-o.
    embora não seja uma voraz apreciadora de poesia livre, devo confessar, que esta especialmente me agradou.
    Porém, o percurso que projectei, não tem muito a ver com o seu. Concorda? talvez por isso mesmo, sentisse necessidade de enviar um mail substituindo assim, um possível comentário no blog...também...
    Entendo perfeitamente, creia.

    Deixo os meus parabéns e um até sempre...

    Mariz

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  6. Belos, muito belos teus poemas!...Parabéns!
    Enfatizo:
    "...e,
    finalmente,
    levantou o seu peso num
    sorriso desregrado
    não a tivesse o sol transformado
    em crosta carapaça
    de tartaruga velha..."

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  7. Também andei escrevendo sobre vazios ultimamente..., o vazio nos habita bem mais do que imaginamos. Bom ver que você já está preenchendo o vazio do seu 9.

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  8. Doei todos os poemas

    a quem pedia letras

    ...a ler e reler

    Um abraço
    Luís Galego
    http://infinito-pessoal.blogspot.com

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  9. Pedro o seu poema é muito belo e sofrido!

    Fiquei a pensar nestes versos...

    "mínimo sou
    mas quando ao nada empresto
    a minha elementar realidade
    o nada é só o resto"
    Reinaldo Ferreira (poeta moçambicano)


    Um grande abraço amigo

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  10. Olá Pedro! Muito bom, bom mesmo o seu poema, é isso ai...

    Fico alegre em ver um jovem autor despontando, o caminho é esse mesmo, se gosta de escrever, escreva, escreva...

    Me lembra quando eu tinha os meus 16 anos e já tinha alguns textos!

    Parabéns! Em frente...

    abraços,
    O Sibarita

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