segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

padrinho da vida


foto gentilmente cedida por pat - from pat with honey


(a foto não ilustra o poema, ilustra a rua do poema)


Negrume é o camaleão da passagem dos mais fracos diante dos nossos olhos.


Atiram bolotas de pedra a todos imaginados porcos

na

estrebaria da tua soleira

que nunca foi mais do que os teus lábios a pedirem

uma vida sem ser de prostituta por opção dos outros.


Alugaste a carne

aos bolsos de todos os teus padrinhos de vida.


Vendeste riachos de mel gozo

aos que te abordavam com moedas

(eras elefante no jardim zoológico)


Morreste pelo prazer que deste. Vi-te a desfalecer com animais alojados

no teu ventre de mãe filha indesejada.


Eram eles contra ti. Eram eles contigo.

Era ele que te obrigava criada e erguida do nada por pénis bêbados com sede

do teu álcool. Davam-te

moedas de pecado embrulhadas com notas de maridos com famílias a exigirem

mudar o seu paradeiro no meio do mato. Deram-te moedas mil porque

(eras elefante no jardim zoológico da prostituição)

******

pedro s. martins

5 comentários:

  1. Sempre achei
    Que cada um tinha o direito
    De vender e comercializar livremente[
    Aquilo que lhe pertencia...

    Mas vi que não era sinônimo de liberdade
    Por à venda algo que normalmente não se compra,
    Pois o comércio da carne, embora livre,
    Não compensava com grandes lucros.

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  2. poesia dura. palavras cruas. muito intensa.
    beijos

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  3. Gostava de lhe dar boas notícias, mas... a sua poesia é realmente enfadonha e pouco vivida.

    Sabe onde estou, basta procurar né?

    chêro

    Jeca Milenar

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  4. Flávia Muniz,

    fico contente por um poema meu lhe ter servido de inspiração.

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