(imagem de Ilda David)
Em Cambra, na praia fluvial,
Março com o seu sol
tímido e nós com a praia toda
para nós no limite
da desatenção.
Descalços com o frio da
areia a desconcentrar-nos
da sua macieza. Apetece-nos
entrar pelo rio adentro,
ir ver o que está no seu lado
mais profundo e incógnito.
Chegaríamos longe e, em aflições
de água pelo coração, perceberíamos
a felicidade de ali estar. Nada é como parece
e o pouco que sentimos era
o nosso corpo a deixar
de ser pesado sem nunca termos
deixado para trás
a areia.
Em vez de nos lançarmos à água,
lançamos pedras. Três chapinadelas
e estava ao nível do meu irmão, seis
e igualaria a marca determinada
na minha memória pelo meu
pai.
(- o truque está em apanhar pedras achatadas
e listas)
E estava. Três tentativas, cinco chapinadelas.
Três felizes, nas areias de Cambra. Não venci
o meu pai, talvez por falta de treino,
ou, acredito,
porque havia ali uma lição de respeito
a ser aprendida.
Para o próximo ano haverá mais Março,
as águas, pedrinhas e areias mansas
esperarão pelo regresso a casa do pai,
filho e irmão.
Para o ano, haverá sete beijos da minha
pedra na água. Prometo.
******
pedro s. martins
Que bonito! *
ResponderEliminarTu realmente tens jeito para a poesia. Muitos parabéns Pedro.
ResponderEliminarEsperemos entao pelo proximo ano, e pelos sete beijos.
E então no Verão não dá?
ResponderEliminarAbraço
qual expressão? :)
ResponderEliminarPrezado Vieira Calado,
ResponderEliminarno Verão a areia não é fria e mansa.
Querida R.L.,
esta expressão:
"(e esta frase soa-me a Rebelos Pintosices)"
genial :D
a linguagem é leve. nao doi :)
ResponderEliminarabraço
c.
Que poema doce e forte.
ResponderEliminar"porque havia ali uma lição de respeito
a ser aprendida."
Muito belo.
fica então a promessa de que me a.março sempre aqui
ResponderEliminarfantástica a tua poesia, quer queiram, quer queiram
;-)
porque impossível é não querer
abraço e b.f.s.