(fotografia gentilmente por Maria P. - Casa de Maio)
Estremece a casa desde o chão
a transbordar vida verdejante
até à chaminé
desafiando o destino a viver em cima
de um fio quente.
As janelas morreram de solidão
e saudade as portas
já não são entradas nem saídas, e a pedra
há muito que se escora na finura da madeira
que imita a pele de algo / alguém que está
preso pelas ancas entre o vivo
e a redução a escombro.
Desta cadeira
observo uma casa bipolar desde a pedra
à aura,
alicerçada
por um tapete de vida esperançosa
em algo
construtivo.
Era eremita até as criaturas perceberem
nela uma linha a descoser-se
entre a luz do dia
e o negro
das trevas.
Vive alma nesta estátua de habitação
pretérita. Mergulha devagar um dos seus
lados sobre quem a soube alicerçar: mãe
terra,
enquanto o outro, o dextro,
se ergue
num elegante sorriso, cumprimentando
quem a vê: ninguém, ou quase.
Ovelhas soletradas pela relva assistem e pastam
enquanto trocam olhares
complacentes com a casa madura que pede
o verde à relva para ter esperança
em albergar,
novamente,
carne madura.
******
pedro s. martins
Éngraçada esta casa.Talvez pq como eu tb é bipolar e só ela sabe o que encerra em si.
ResponderEliminarObg pelo carinho!
um bjo
é bucólico (e ainda vive)
ResponderEliminarEntre o céu e a terra, a luz e a sombra, o passado e o presente, a morte e a vida.
ResponderEliminarA memória a saudosar-se ao futuro. E o futuro a querer abraçar-se à quase memória da saudade.
Além e aqui. Mundo diverso.
Beijinhos.
Gostei, gostei mesmo muito.
ResponderEliminarÉ reconfortante ver as minhas fotografias ilustradas por outros, partilhadas.
Beijinho, Pedro.
a pedra/memória
ResponderEliminaro passado/presente
em palavras/poema
encantatório
.
um beijo
Lindo! E a fotografia também.
ResponderEliminar"Ovelhas soletradas pela relva assistem e pastam
ResponderEliminarenquanto trocam olhares
complacentes com a casa madura que pede
o verde à relva para ter esperança
em albergar,
novamente."
Não poderia ser melhor esse desfecho.
Parabéns. Poeta de sucesso.
Passando para desejar um lindo domingo com um ótimo inicio de semana.
ResponderEliminarAbraços do amigo Eduardo Poisl
hoje-ontem-hoje-amanhã-ontem-hoje-hoje-hoje-ontem-amanhã-hoje
ResponderEliminarsenti-me dentro dessa casa.
bipolar é uma palavra muito especial, pedro. e cada vez mais "madura" esta poesia. um beijo e um bom domingo.
ResponderEliminarbipolar e lítio são-me palavras muito definitivas.
ResponderEliminarbrincas com as palavras e cpm elas saem belas poesias.
ResponderEliminarbipolar noutro contexto, é muito complicado.
fica um beij
"Vive alma nesta estátua de habitação
ResponderEliminarpretérita. Mergulha devagar um dos seus
lados sobre quem a soube alicerçar: mãe
terra..."
muito bom....telúrico Pedro.
beijos.
Bem, Pedro, adorei este teu poema. Mesmo.
ResponderEliminarBeijos meus
Graça
insisto na citação da Isabel Méndes Ferreira
ResponderEliminar"Vive alma nesta estátua de habitação
pretérita. Mergulha devagar um dos seus
lados sobre quem a soube alicerçar: mãe
terra..."
... poema maduro.
abraço
A pedra a resistir. A casa teimando em guardar memórias. Excelente poema. Um abraço.
ResponderEliminarTudo lindo,boa semana!
ResponderEliminarUm poema com a dualidade a lhe fazer parte. Muito belas imagens e palavras. Bj
ResponderEliminarUm poema com a dualidade a lhe fazer parte. Muito belas imagens e palavras. Bj
ResponderEliminar