(Tomé Duarte)
No fim da
minha vida
será sempre Domingo. Rebentar-me-á
o sono pela manhã, o dia
será escuro e sei
que ouvirei o que os outros
me terão dito
durante o dia o resto da vida. A preocupação
com a morte é assídua. As veias doem, estão
enclausuradas e apenas servirão
para se entupirem. Sou um vitral de cansaço
no corpo do mundo. Corações com defeitos;
veias concatenas em remoinhos, cérebro
ocupado a pensar nesse tal
Domingo. Circulo em torno desse dia,
como um comboio de brincar
circunda uma criança feliz.
Firo-me para não chorar, as substâncias
ajudar-me-ão a chegar ao final
da
semana. Dou horas, sirvo hábitos, escondo-me
na dormida paga pelo destino, tudo para queimar
o inferno e o céu que está reservado
a cada um dos que por cá ainda
andam.
Não, ainda não me desperdicei de vez. Esta
espécie de angústia
é uma espécie
de alegria e / ou trabalho. Trabalho para não morrer. Sou
uma casa escorada por quem me quer cá. Vivo
sequestrado por este silêncio
que me completa a voz interna, esta alegria
de estar vivo a fumar ao espelho
num Domingo de manhã
qualquer.
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pedro s. martins
"Esta
ResponderEliminarespécie de angústia
é uma espécie
de alegria e / ou trabalho. Trabalho para não morrer"
Um belíssimo poema: como um dia de domingo...
Um abraço.
“O poeta é um fingidor.
ResponderEliminarFinge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.”
(Fernando Pessoa)
Desejo um lindo final de semana com muito amor e carinho.
Abraços
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"Sou
ResponderEliminaruma casa escorada por quem me quer cá."
Ás vezes, tenho a mesma sensação.
Beijos mil!!!
muito bom o teu texto;
ResponderEliminarme identifiquei.
-
beijo
Os silencios que trazem vozes em nós
ResponderEliminarQue lindo isso aqui
Parabens
Denise
um agradecimento sentido a todos.
ResponderEliminarpedro