O céu avermelhado
espelha
uma cor infernal
nas rochas. As aves gritam
o ar, pousam
nas pedras
encarnadas onde a minha
condição humana não me permite
chegar.
Sou pêndulo entre
penedos rasteiros. Saltos
incautos
para espiar o mar
recôndito .
O vento
agita-me das entranhas
às pontas dos
dedos, não permitindo
que a máquina
foque,
colocando-lhe
vultos
na objectiva,
sigo vazio
de fotogramas
por este lodo contínuo
até encontrar
a primeira ave
que se deixa apanhar:
está morta.
Bico a tocar-lhe no dorso, asas
deixadas à vontade
do seu último movimento:
contorcida.
Imagino-a no seu último voo
a pique
e o embater violento,
estalando-a fatalmente;
imagino-a a pousar
suavemente
no aconchego
das três pedras
que a rodeiam
e a ajustar
o corpo
ao seu fim.
Hoje
encarei a morte
de frente. Sei
que é apenas um pássaro.
Mas encarei-a, fiz-lhe
frente e trouxe-a
comigo.
Sei que enfrentarei
assim aqueles que amo:
mortos,
todos.
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pedro s martins
magnífico!!
ResponderEliminarMuito agradecido.
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