E tinhas, afinal, olhos doentes,
o veludo das mãos já se esgarçava;
nem era inteligente o que dizias,
nem elegante o gesto que hesitavas.
Por sorte, algum mau gene imprevidente
te dera um vago encanto adolescente,
e o prestígio banal do invisível,
risível quanto seja, te aguardava.
Por isso me deixei prender; tentado
a ser o manso tolo do romance,
servi sem jeito inquietação a rodos.
Ah, afinal, o teu sorriso era trejeito,
a fala sem razão e sem nuance,
nem tinhas, numa mão, os dedos todos.
António Franco Alexandre, "Duende", Assírio & Alvim, 2003.
o verdadeiro pulmão de Alvalade
Há 1 hora
Gosto muito dos poemas deste livro de António Franco Alexandre.
ResponderEliminarBeijos.
Concordo. É um excelente livro.
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