Amnistia internacional
Assisti ao corte de uma pessoa a meio. Não falo de
um corte realizado à sorte. O que eu assisti foi a um medir
desde a planta dos
pés até ao topo do crânio e da divisão dessa medida
por dois.
Bisturi para delinear o risco de corte a vermelho e um
machete bem afiado para concluir o trabalho.
Os sons provenientes do esmigalhar dos ossos
incomodaram alguns dos presentes, porém, a metade
do homem na qual se situara a boca, ria-se. O sangue que caia
desamparado no chão provocava-lhe gargalhadas
estridentes.
Ainda vivo, fizeram do Doutor camisa. Dobraram-no em várias
partes iguais, com especial atenção às partes mais sensíveis
para não sair dali com vincos e pregas na tez. Joelhos a roçarem
as costelas. Face no meio dos dois pés. E o sorriso desprendido
de quem tinha sido alvo de uma festa surpresa.
Como o Doutor não se resolvia a morrer, começaram a torturar
o que já parecia torturado por natureza. Entre risos, começou
a cantarolar. Quatro dedos fora por acção de um alicate e um olho
vazado.
Continuou naquilo.
Mataram o Doutor três vezes. Torturaram-no nove. Depois desistiram.
Colocaram as várias peças num malote
e remeteram-no para aquela
que a esta hora devia ser viúva incógnita.
Desistiram.
Semanas mais tarde, ainda a cantarolar algumas das melodias que tinha
ouvido em primeira mão pela bela voz do terceiro quarto do corpo do
Doutor, comprei um jornal.
Posso não estar a ser muito criterioso a juntar as partes deste enigma, mas
na primeira página lia-se nas gordas: "Ex-prisioneiro de Guantanamo
regressa a casa dentro de uma mala." Por baixo do título vinha uma foto do
quarto de homem que continha a boca a dar um beijo enamorado à mulher,
enquanto os filhos passavam as mãos do pai pelo rosto
carente de mimo.
Estão a sentir?
******
pedro s. martins
"assustador".....e de como o horror pode ser belíssimamente des.crito com a raiva nos dentes e a dor no adentros que são a sério. Como o seu!
ResponderEliminarTexto revelador. também de si. Mesmo com as farpas que o mundo nos atira e que vamos fazendo de conta que não ouvimos nem lemos!
Forte.
e um forte Abraço Pedro!
e sim!
ResponderEliminarsente-se.
por dentro!
e sim. OUVE-SE!
Bem esgalhado.
ResponderEliminarAbraço.
Façam tardes as manhãs
ResponderEliminarFaçam artes os artistas
Faça parte da maçã
A condenação prevista
Façam chuvas os Xamãs
Façam danças as coristas
Façam votos que esta corda
Não sabote o equilibrista
Façam Beatles "For No One"
Faça o povo a justiça
Faça amor o tempo todo
Que amor não desperdiça
Faça votos pra alegria
Faça com que todo dia
Seja um dia de domingo
Façam tardes as manhãs
Façam artes os artistas
Faça parte da maçã
A condenação prevista
Façam Beatles "For No One"
Faça o povo a justiça
Faça amor o tempo todo
Que amor não desperdiça
Faça votos pra alegria
Faça com que todo dia
Seja um dia de domingo
(Osvaldo Montenegro)
Votos de um lindo final de semana
Um abraço
O AMOR
ResponderEliminarAmo o amor que se reparte
em beijos, leito e pão.
Amor que pode ser eterno
mas pode ser fugaz.
Amor que se quer liberar
para seguir amando.
Amor divinizado que vem vindo
Amor divinizado que se vai.
Pablo Neruda
Passei para desejar-lhe um final de semana cheio de amor e felicidade.
Abraços
Impressionante a crueldade demonstrada.
ResponderEliminarhttp://desabafos-solitarios.blogspot.com/
Boa dia,vim pelo email...
ResponderEliminarLi! É pavoroso,é hediondo!
Só pode ser obra de gente macabra,altamente DOENTE!!!
Patológico!!!!!!!!!
Uma crueza própria de animais! Só de animais!!!!
Uma desumanização,uma selvajaria!!!!!!!!!
Bom dia
(até me senti indisposta e imaginar que isto foi (é)real?!?!?!)
pedrasnuas
O que acontece por lá ninguém sabe ao certo. Este poema é uma metáfora para gritar o que muitos não querem ouvir.
ResponderEliminarPorém, a fotografia é real. Tem como fonte um dos sítios da Amnistia Internacional na internet.
Texto forte! Impressionante!
ResponderEliminarParabens
http://annasophiagellery.blogspot.com
Texto forte.
ResponderEliminarSer humano é um ser intrigante. Sensível, mas muitas vezes faz uso da borracha do esquecimento e não se coloca no lugar do outro.
Então, às vezes, mutila, rasga e apaga vestígios de sua humanidade.
Abraços.
Ana Valeska.
Tu sabes ver a bveleza onde todos só veem a feiura.
ResponderEliminarIsso é bonito.
Talvez tenhamos dentro de nós uma parte que seja Guantanamo, mas não podemos deixa-la nos dominar...
A Flor do Sul,
ResponderEliminarsim, não sei se todos repararam, mas o poema acaba com a ternura de ter um ente querido de regresso ao lar.
Depois de tudo aquilo, o amor como uma luz. O amor que nunca se perdeu.
Bem conheço a sensação do regresso ao Lar, caro amigo. Excelentemente bem descrito.
ResponderEliminarUM ótimo fim de semana
Abraço amigo
Mário Rodrigues
de pensar... e sentir
ResponderEliminaré assunto muito sério, muito pesado, as barbaridades que continuam a ocorrer em pleno século XXI para vergonha do mundo inteiro!
um poema perfeito no seu conteúdo
parabéns
beijinhos
escara voltaica: o nome é todo um programa poético que cumpre nos seus poemas e citações. bela página!
ResponderEliminarFico contente que o poema tenha tocado tanta gente. Desde que saí da ponta dos meus dedos o poema deixa de ser meu.
ResponderEliminarVive por sua conta.
Que seja um grito adoptado pelo mundo. O mundo que ainda não ouve os sussurros de crueldade.
agradeço ter dado a conhecer o blog.
ResponderEliminarescrita como uma bala - penetrante e explosiva!
excelente.
permita um abraço
QUE FIQUE CLARO QUE OS EUA NÃO SÃO OS DEMÔNIOS DO MUNDO, OS DEMÔNIOS DO MUNDO SOMOS NÓS TODOS, SEM EXCESSÃO.
ResponderEliminarPalavras estritamente necessárias, Guantánamo, assim como todas as outras prisões horrorosas, seja sob a ditadura socialista, seja sob o capitalismo selvagem, deveriam ser extintas, ao invés disso, a ONU teria que ter prisões especiais para julgar criminosos e suspeitos de terrorismo, mas sempre respeitando, ou tentando respeitar pelo menos, o Direito internacional... Guantánamo é uma vergonha para a Terra inteira! Signo máximo de nossa barbárie e atraso ético e moral! Só nos resta apelar a quem? As sociedades nada fazem, são egoístas, políticos preocupados apenas com discursos, sorrisos e tapinhas nas costas... Pode parecer patético mas lembrei do Chaves, "e agora, quem poderá nos salvar?" Deus? Ele nunca nos responde.... Já portas-vozes dele não faltam aqui na Terra também... Enfim, apreciei muito tua franqueza, e passarei por aqui mais vezes, sempre admirei a imparcialidade total, pois em se tratando da espécie humana, ela é uma luz que pode nos guiar a segurança em minha opinião... Um grande abraço e tenhas um feliz domingo meu amigo :)
ResponderEliminarConde Vlad e De Medinaceli.
estou sim!
ResponderEliminarCuriosamente,
ResponderEliminarJorge Almeida Fernandes, na edição de hoje do Público, dedica o seu espaço a Guantanamo.
Chama-lhe Guantánamo: a futilidade da tortura e é ilustrado por uma imagem de Marc Serota.
A ler.
Muito forte e triste...
ResponderEliminarMas uma bela inspiração.
Parabéns.
Recentemente publiquei algo sobre o Haiti...
Muito chocante, também.
(se desejar ver, digita no google
LUSTATO HAITI
que o google te leva lá.
Obrigado pelo e-mail-convite.
Um abraço.
Lustato.
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Lustato Tenterrara
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eu senti e sinto muito
ResponderEliminarpoema brutal