terça-feira, 13 de janeiro de 2009

menina portátil


mark ryden

Menina portátil,

transladas cada sitio por onde

vais passando. Fazes do mundo

um enorme puzzle e no fim

só tu sabes onde estão os quatro

cantos.


Não tens mala, passaporte, da última

vez que te vi nem identidade tinhas. Aliás,

nem corpo tinhas, eras sombra ampliada

à lupa do meu desejo.


Onde pararás

agora?

Misturas Venezuela com a Grécia. Na boca (se calhar

não era na boca

) deglutes

os hemisférios,

diluis com o pouco de gelo que vai

na Austrália liquida e sabe-te a

justiça carnal

de companheiro injusto.


Se já passaram os oito meses e meio

de gestação, és capaz de estar

prestes a parir

um mapa-múndi

a precisar de levar uma açoite

para começar

o choro livre.




Faz força, menina portátil, faz força.

******


pedro s. martins

7 comentários:

  1. Pedro,


    Seus poemas ( e uso "menina portátil" apenas como referência circunstancial) são bons o bastante para se ler em voz alta para os amigos, para as pessoas que amamos, como exemplos de boa poesia. Recitei este agora ( com minha dicção brasileira, paulistana / São Paulo-capital), para minha namorada, frisando, em voz alta, suas nuances, sua musicalidade, suas quase-rimas e suas imagens. Se vc é jovem, o é na idade, não na dicção. Menina portátil é um excelente poema, como há excelentes poemas por aqui. É um prazer acompanhar seu blog(ue). Obrigado pelo convite, e parabéns! És poeta!





    Um grande abraço,






    Marcelo.

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  2. Gosto de o ler- para mim uma descoberta que vale a pena.

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  3. CONHECIMENTO FEITO ATRAVÉS DE MARCELO NOVAES
    ENRIQUECEDOR, PARABENS

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  4. extraordinário... e frases como "Misturas Venezuela com a Grécia" são geniais!

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