terça-feira, 27 de janeiro de 2009

moais


el pais


A escolha será reduzida. Levar-me-ão

para ser depositado numa ilhota qualquer

em que mais tarde serei

descoberto no

braço

que me estenderes.


O deslumbramento mais puro é aquele

de encontrar


Moais amiúde nas traseiras

do meu rosto.


Deixar Heyerdahl

escavar-me o frontispício

na incessante


procura

do


ahu Tongariki.


Não ser relutante é aceitar

as cinzeladas com as pálpebras

abertas à floração subtil

e suficiente para não

estremecer ao descobrir que sou

feito de pedra.


Acordarei com a boca seca e

o corpo transmudado

em petróglifo

da mais bela criatura

que alguma vez habitou

esta esfera crua:


tu.


Não devemos ser mais fortes

que o nosso

corpo.


O meu transpira poeira

por nesgas

de musgo

e tem no suave toque

da tua palma

momento de contemplação

inglória.


A esta minha condição só condeno

duas coisas:


a tua boca ser pequena para

te beijar

e não poder dançar

contigo debaixo da chuva aveludada

como fazíamos enquanto fomos

criaturas mornas.


Talvez amanhã acorde

pássaro.

******


pedro s. martins

4 comentários:

  1. olá
    recebi o mail e aceitei o convite e cá estou eu gostei do blog e da poesia" eu não me importava de acordar(por um dia ) passaro"assim teria a experiência de voar.
    Faço-lhe agora o mesmo convite passe no meu blog,
    paraladabruma.blogspot.com
    Um abraço de alma
    Salamandra

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  2. Muito bonito.

    Deixar de poder dançar, sob aveludadas chuvas e corpos mornos,faz poemas tão belos...

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