sábado, 24 de janeiro de 2009

a orfã


a passagem é uma metáfora

dos polvos que tens em ti

a estender os braços pelos corpo

como metáteses salpicadas a morte silenciosa

de quem nunca abriu as pálpebras

para o interior de si mesmo. Nunca conseguimos

tocar os pulsos por outro viver, enquanto estivermos

apegados a esta

estátua

de matéria pulsante.


Afundemos os florires na primavera,

assistiremos de mão dada ao cair

da tua última folha na primavera,

na

Ppp

rimavera, primaaa

vera,

a última folha a tocar

o teu pé na primavera do deglutir da tua presença

nesta passagem.

Estremeço ao pensar no

entrelaçar dos teus dedos enquanto ministravas

o último suspiro.


Nas memórias lavo-te no tanque as partes

mais tristes. Ficas

perfeita ao meu pensamento brusco. Com o passar

do tempo, mexo-te açúcar até seres caramelo

a derreteres-te na minha boca, doce

e efémero.


Agora que já perceberam como sofre quem perde,

atentem na primeira linha deste poema. tudo

está mascarado de metáfora, enquanto tu ainda

não passaste deste lado da margem. Tens a morte

como rio, tens o adeus como falésia, tens a vida

descalça e vejo-te a querer voar

nos ombros da noite.


Repito-te de ti para ti: não queiras ser

abraçada pelos tentáculos do polvo

Morte.


Dança comigo uma última vez, órfã de suspiros.

******

pedro s. martins

14 comentários:

  1. Um lindo e perfeito final de semana para você.
    um abraço

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  2. Existe um lugar onde
    todos os sonhos se realizam
    a Felicidade é constante
    e o sentimento maior é o Amor
    este lugar é o seu Coração...
    Procure nele e você
    encontrará as respostas pra tudo.
    Bom final de semana

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  3. Dançar pela última, a orfã, a orfã dos tentáculos não-vistos, não-tocados, tentáculos cortados pela Vontade Do Ser em alçar-se acima de si mesmo nas marés amorosas várias que dão o longo maravilhoso vital sustento...

    Um poema de não-tentáculos, Pedro Martins, de não-tentáculos e não-atrasos.

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  4. "Tens a morte
    como rio, tens o adeus como falésia, tens a vida descalça e vejo-te a querer voar
    nos ombros da noite".
    Muito belo apesar de triste.
    Um abraço.

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  5. .________olá Pedro



    PARABÉNS!


    .pelo teu "espaço"


    .e





    obrigada por partilhares

    a tua "escrita"



    poesias______dos sentidos



    .que



    adorei [sentir]_________ler


    _____________///






    beijO
    bFsemana

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  6. é necessário degustar as palavras dos teus poemas. e descobrir a beleza de algumas frases. descobrir... beijos

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  7. Muito obrigado a todos pelas visitas e comentários.



    Graça,
    e há tristezas alegres.



    mariab,
    Não sabe o quanto fico contente com essa conclusão. O meu maior medo é que algum dia se consiga ler um poema meu em linha recta, como um atalho para um final previsível.

    A minha derradeira ambição é criar viagens que sejam cordilheiras de palavras. Caberá a cada um ler e não se perder.

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  8. Tudos os poemas mexen a metáfora con os sonhos e realismo.Si separamos eles,só queda la pureza da imaginaçäo,e falaríamos como meninos que ainda naô se complican a vida e olhan para tudo con os olhos da inocencia.
    Mais crescemos e complicamos e fazemos poesías para adultos que só saben olhar con la gramática nas maos.
    Somos orfäos da pureza.
    (incluyo a minha pérdida de la mesma)
    bejos

    Um bejo

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  9. as metáforas daqui Pedro sobem cada vez mais alto!




    e gosto tanto de o ver assim.




    beijo.



    (imf)

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  10. Tenho passado, sempre que posso, numa leitura silenciosa.

    Hoje, marco a presença, para te dizer que gosto da tua escrita. Voltarei.

    Beijo de bom fim de semana.

    Graça

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  11. Um bem-haja, Graça.

    Não se silencie. Os seus comentários serão sempre bem-vindos.

    Bom fim de semana.

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  12. Olá Pedro! Gostei muito de seu blog e aguardo sua visita no meu!
    Um excelente final de semana repleto de luz!

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