quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

sistema bélico central


imagem gentilmente cedida pela carolina - a casa real


olha,


- e as vozes a reluzirem a queimadura

do apelido


olhar para trás e encadear-me

com a fundura dos armários

onde guardo as versões

pretéritas (dementes)

que me compunham

as cinco balas sentidas.


Dos que guardam fotos, indumentarias

ou dinheiro antigo não tenho pudor,

tenho pena.


Olha,



- sou em lágrimas a abrir as cavidades

do lacrado onde estão estados



dentro, o atingir da loucura em variações

memoriais.

O brilho reflectindo-me os braços

tocando os pólipos dos extremos: ou publico

ou desisto.


- o desistir é um ofício muito burocrático


opto por rodar as válvulas gratuitas mais uma vez,

um poema chegado aqui

pela cesariana provocada por um daqueles

feixes

púrpuras arrumados no armário.


Aqueles que ainda não tiverem encontrado

a entrada para o laço de carne

onde guardam a insanidade,


é porque nunca se contorceram na

sua própria dor.


- rapaz ou rapariga, lê isto como quem sopra na

labareda que te fará desencadear a combustão

anestésica da

criação.


Agora,

todos estes suplícios de papelote farão

acordar o silêncio central

que vos


corroíam a vontade

de gritar:



olha.

******


pedro s. martins

5 comentários:

  1. Com olhos de cheiro sinto. O mármore da íris aquece. "Aqueles que ainda não tiverem encontrado

    a entrada para o laço de carne

    onde guardam a insanidade,


    é porque nunca se contorceram na

    sua própria dor. "
    - que maravilha!

    pungente, feérico, muito bom.



    Abraços d´ASSIMETRIA DO PERFEITO

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  2. uma exortação, quase. um poema intenso, como é habitual por aqui. beijos

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  3. Onde chega a intensidade parte a sensibilidade.

    Ambos têm muita de ambas.

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