quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

sem título ou alegria

Chegaste brasileira grávida
na tranquila semana em que o corpo
do tempo escoava pela contagem dos
meses para o vão
do útero.

Chegaste tu e mais dois, os gémeos.
O folhear do jornal ensina-me que te
encontraste com as biqueiras
de um grupo neo-nazi. E o baixo foi novo profundo,
a respiração fazia-se pelas veias subterrâneas
à vida.

Quanto tempo? Dez minutos.

Para seres esventrada com armas brancas. Dois futuros na
sarjeta. A singularidade de quereres
subir mais uma vez à flor
branca desprovida de terra
para ouvir o falso uníssono que ias ser mãe. O velho
consolo partido por estares a falar em português.

A pele não mostra esperança, água ou o beijo. Tem iniciais
cravadas na tentativa de te reduzir a gado prometido. Falharam-te
como progenitora e o próximo amanhecer será o mais
despido de sempre.
******

pedro s. martins

12 comentários:

  1. excelente poema. para além da indiscutível qualidade literária.

    inquieto e insubmisso.

    cumprimentos.

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  2. gostei do poema
    tema bem posto em uma situação
    um tanto assustadora
    e
    sem pretenções

    D.M.M

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  3. Comovente e triste este poema. Excelente. Um abraço.

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  4. O poema também pode ser a arte da revolta feita denúncia.

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  5. atento à actualidade, à realidade. interventivo. um belo poema.
    beijos

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  6. Bela poesia sobre algo real e que com certeza, se fossemos civilizados, lutariamos para nunca mais voltar a acontecer...

    Fique com Deus, menino Pedro.
    Um abraço.

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  7. mais triste ainda saber que ela pode ter forjado tudo ...

    adorei seu blogue !

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