Ilda David
Uma promessa ainda é uma premissa.
Escalo esta verdade ao provar a tua morte em frio. Atordoado,
tua postura ainda é a daquela que passou pela vida
numa gôndola silenciosa de tanto escamotear
a ferrugem dos dias.
Cento e cinquenta anos em vegetal. Quadro dias na boca
do mundo. O resto da vida a pensar no que poderia ter sido
amanhã. Fica o insone atípico de quem assobia para dentro
da vida, não de si. Fica por aí a reluzir nas albas.
“A arte perdida de manter um segredo” é mais do que
o título de uma música dos Queens Of The Stone Age.
Se porventura fosse “A arte perdida de achar uma vida”
serias tu embrulhada nos lençóis caseiros
a ir à janela do não ter nada espreitar a chuva.
Não é.
E o meu prazer em escrever isto é diminuído pelas pulgas
que a cadela da nossa vida me trouxe ao pêlo. Uma promessa
será sempre uma premissa enquanto eu continuar a chorar
um pontapé numa pedra ou o ferrar na própria garganta.
Releio a vida e esqueço a formatação do poema pomar. Relia-te
a ti, mas há muito que deixaste de saber desenhar letras. Entristece-me
não haver editora para te publicar a existência. Haveria de ser uma
primeira edição muito concorrida a um posfácio escrito
à sombra da tua premissa.
pedro s. martins
Pedro: um dom assim é para estar grato. nesse dom está a primeira edição. muito mais belo, pelo menos para o poema.
ResponderEliminarPulgas? Também sei o que isso é. Os meus três gatos trouxeram visitas com eles. :P
ResponderEliminarLindo texto, como sempre.
muito interesante, chamativo
ResponderEliminarporém é inegável a sutileza com que o tema se desenvolve...
lampejos de analogias...
muito bom Sr. Pedro!
Muito forte esta premissa!! Beijos.
ResponderEliminar"Não importa o que dizem...
ResponderEliminarNão importa a figura que de mim desenhem.
Não importa a perseguição de milícias,
nem promessas ou premissas.
No ir e vir do que se afere Verdade,
diluem-se as veleidades.
O que fica e ficará será minha vida.
Essa eu conheço.
Eu sei de minhas lidas..."
Um abraço e boa semana
"Haveria de ser uma primeira edição muito concorrida a um posfácio escrito à sombra da tua premissa."
ResponderEliminarMuito bonita esta passagem...
Hugs
"Uma promessa será sempre uma premissa enquanto eu continuar a chorar um pontapé numa pedra ou o ferrar na própria garganta."
ResponderEliminarmuito arranha
belo post
eu lia tudos. até o invisível posfacio :)
ResponderEliminarum aluvião de palavras. belas. cantantes e ritmadas. que arastam e envolvem. e emocionam.
ResponderEliminarpoesia. da melhor.
abraços
Como sempre tudo muito bonito por aqui.
ResponderEliminarSó passei para dar um abraço
No entardecer,
o sol dança com a chuva
e um arco-íris
no horizonte tinge...
Espera a lua surgir
e entre as nuvens
uma estrela luzir.
Depois, a terra sorri
quando na noite escura
o céu clareia...
Um véu de estrelas
abraça a lua cheia...
O poeta fecha os olhos
e sente o poema
correr em suas veias.
A lua deita no mar
e o sol, novamente
beija a areia.
(Sirlei L. Passolongo)
Muito interessante a forma com que voce relata a "premi...a",envolvente
ResponderEliminarMuito bom este texto meu amigo!
ResponderEliminarPassando pra dizer que tem um selinho pro teu blog. Caso queira é só pegar na minha galeria de selos que fica na coluna lateral do meu blog ok?
Um grande beijo e fique com Deus!
Obrigado a todos.
ResponderEliminarSem intervalo, o próximo.
uuufff...que bom que encontrei esse lugar aqui!
ResponderEliminarvoltarei sempre com vinho na mão...
Camila, será sempre bem-vinda.
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