(imagem de Ilda David)
É grande o riso que separa
Philip Glass destas linhas. Soubesse
eu como iria acabar este poema e saberia
como acabaria a música que carrega
de memórias o istmo dos ouvidos
ao pingar dos dedos.
Tenho tanta emoção morrente
de mim. Lêem aqui os restos. A minha vida é
esperar e ser levada pelos imensos possíveis
neutralizáveis em mais uma ressaca negativa. O ano
está carregado de memórias e eu com ele.
O procurar do meu nome em vão. Morrerei pela
descrição do vento nas árvores. Uma dança não planeada
e procurada por poucos.
Aqui era onde eu acabaria o poema. Ficaria limpo
de um atafulhar em palavras e emoções.
Continuo.
Continuo para dizer isto: há beleza por aqui. Não em mim,
na palma da vida que se abre e me deixa ler tudo. Daqui
vejo tudo e todas as loucuras são possíveis porque estou
sozinho com as letras.
Nesta paisagem não existe a rede que sou. Filtros,
nomes, adjectivos,
métricas e semânticas de encher o pensamento
de saliva.
Sentem? Tudo trocado por belezas antigas e o caber nas retinas.
Memórias e epifanias. Sopros agrestes a agitar a árvore
do meu fim, a folha que descreve o meu nascimento
em decalques suaves durante vinte e cinco anos.
A olhar por estes olhos imensos,
qualquer outono florescia. Qualquer arma
se renderia ao brinquedo. As dobras em cuidados
e eu em desdobras para que isto se mantenha.
Só mais uns segundos. Deixai-me ver o rosto que freme
da infância à morte.
Não consegui. Mas vi uma pedra com o meu nome.
Negrume.
Na lápide dizia: o breve nome que tu deixaste. Na minha adiv
a ordem como a vivi.
Desta vez, tombarei com o choupo que me serviu de poisio.
Já está e nunca sai daqui.
******
pedro s. martins
Busca do imaginavel,maginavel,recordações de linhas livres e soltas!
ResponderEliminarbjs
"A olhar por estes olhos imensos,
ResponderEliminarqualquer outono florescia."
E é verdade.
um abraço
A vida é assim, atos que viram memórias, queridas ou não, e quando encontramos o fim, temos de considerar que tudo valeu a pena.
ResponderEliminarFique com Deus, menino Pedro.
Um abraço.
é bem verdade, caro pedro. "há beleza por aqui" :) beijinhos.
ResponderEliminarAdriana, esta é uma busca de tudo. o aqui e o além.
ResponderEliminaralice, fico feliz que encontre essa beleza aqui.
ResponderEliminar"Morrerei pela
ResponderEliminardescrição do vento nas árvores."
belíssima forma de morrer!
muito bom, tanto no conteúdo como na forma. é um prazer enorme ler-te.
ResponderEliminarbeijos
hm. há muitas rugas que não deviam estar aqui. são tempos não vi-vidos. não que não deviam ter sido vividos. que não foram vividos. é um vácuo de tempo. rugas de mentira.
ResponderEliminarvou procurar o filme ;)
beijos :)
obrigada, pedro, pela tua visita ao "putas resolutas", pelas tuas palavras! gostei de conhecer teu blog, voltarei outras vezes
ResponderEliminarlíria porto
Terra de poetas, nossa mãe, Portugal!
ResponderEliminarGostei de seu blog, Pedro.
Grande abraço e obrigada pela visita e comentário.
Talento. Foi o que aqui encontrei.
ResponderEliminarAlguma tristeza me pareceu haver, também...
Mas faz parte.
Gostei do pouco que li.
Obrigada pela tua visita. pelas tuas simples palavras, verdadeiras.
(só que a tua imagem meteu me um bocadinho de medo:( )...
Até à próxima
Izzie,
ResponderEliminara "minha" imagem deste poema é da talentosíssima Ilda David.
a "minha" imagem do avatar é dos Porcupine Tree, uma banda que, a par com Tool, é das minhas preferidas.
Obrigado por sentires o talento que há por aqui (se é que há).
Não gostaste da minha escolha do poema, da imagem, de quê??
ResponderEliminarobrigada pela visita
Quantoa o teu poema é belissimo.
ResponderEliminarum bjo
as velas,
ResponderEliminar"Al Berto merecia muito mais. Muito mais."
Al Berto merece muito mais do que Portugal faz por ele. É um dos meus poetas de eleição.
Um poema rico de rara beleza! Abraços emocionado
ResponderEliminarImagens e palavras se fundem.
ResponderEliminarObrigada pelo convite e parabéns pelo talento!
Bjus floridos!
gosto (imeeeeeeeeeeeeeeenso) da Ilda David
ResponderEliminargosto muito de P Glasss......
e
gostei da tua poesia..................
Fala de vida
ResponderEliminarFala de tempo
Fala da voz
que trás o lamento
da morte em vida.
Selena
Muito bom o teu poema
ResponderEliminarcom Philip Glass,
palma da vida inversa.
É isso aí, saludos.
e______________valeu a pena Pedro. valeu a pena "aparecer" em blog. que afinal é uma montra. onde se pode observar o talento de quem tem algo para ser diferente!
ResponderEliminarpela minha parte....vou lendo...lenta e seguramente.
.
um abraço forte e sincero.
Belo texto!!
ResponderEliminarNum momento desnudado de inspiração
Apuro sentidos desconhecidos nas janelas do mundo…
Abro longas cortinas entreabertas da imaginação
E sonho despertar, num sono em que não durmo
Um resto de um bom dia e semana
Continuando, com a boa inspiração…
O eterno abraço…
-MANZAS-
Talvez naos e afogue.
ResponderEliminarMas se eu morrer afogada esse sentimento morrerá também , comigo!
Um belo poema com expressões tipicamente lusitanas. Confesso que recorri ao dicionário algumas vezes. Belo poema em forma e conteúdo. Beijo.
ResponderEliminarEste poema é no minimo aliciante. Gostei bastante. Parabens :')
ResponderEliminarDescobri o teu blog num comentario a um poema de Mario Cesariny de Vasconcelos que ando a tentar perceber. Tenho um trabalho para apresentar sobre ele na sexta. Secalhar podias ajudar-me.
www.trident-splash.blogspot.com , é o meu blog.Diz alguma coisa :) Beijo
o poeta faz o poema, o leitor lê aquilo que quer ler. quero eu dizer que, eu li este poema de várias formas e conteudos. achei-o completo e por vezes dúbio. o poeta demonstrou talento e está de patabens!
ResponderEliminarbeij
Eu não gosto de comentar assim:
ResponderEliminar"Que maravilha"!
Mas como é que se escreve quando se fica a gostar muito do que se lê?
Há tanta criatividade e um cunho próprio no que escreves.
Abraço.
a arte tem essa forma: a de retirar dela as imagens com que nos identificamos ou nos sugerem.
ResponderEliminare para te dizer tudo no cimo (ou no alto, que agora não me lembro bem...) dos meus vinte e cinco anos, direi que estou em franca ascensão para ti. Escreveu assim o Mário e o Cesariny e depois tu escreveste 25 anos e eu lembrei-vos juntos,e foi bom lembrar-vos assim, , num poema só.
ResponderEliminarmalas e poemas. al berto ao lado, diz coisas que eu penso que ele gostava também de te dizer. Hoje o vinho está frio e não tem copo para ser servido.
A terra, essa é quente.
e eu gosto deste poema.
a lápide é branca e só tem escrito o nome e é um bom lugar para ficar.
lá o sol queima e apetece rasgar a pedra, tirar o corpo, dar um passeio no bairro e nos bairros do amor, ressuscitar-lhe a voz...
Escreve, escreve, Pedro.
Longínqua “C-ASA”,
ResponderEliminare foi uma tarde a condensar-me os vinte e cinco anos. foi.
Malas e poemas. surpresa portátil
da estadia do mundo
para o
mundo. Agora,
paro no
verso onde estou
e vou comprar tabaco
como te imagino.
Sonâmbulo.
E vou escrever o sem copo
vou-te enviar o resultado. Será
o calor dos dedos
inchados.
Não será o que eu queria que fosse:
um comprimido despoletado em quem o ingere
a ler.
Tu.