quinta-feira, 5 de março de 2009

umbigo em sol

Sonho com o teu umbigo
em sol. Ferida na claridade
do egoísmo. A tenebrosa
consciência de querer ver o seu pôr
sem revirar os olhos
para o horizonte descarnado.

Somos a reescrita despreocupada
da matéria intensa em pautas
comuns às loucas alegrias emulsionadas
do teu ventre. Primeiro o encantamento,
depois a cegueira,
finalmente,
o abrir de todas as feridas fechadas,
sem abrires sangue no mundo.

Não tens idioma para transformares
a nossa vida em cantos esdrúxulos
sem idioma ou caseiro,
apenas o sereno
trabalhar do pensamento em ti.

Com o despertar,
prova-se do amargo constatar que és apenas o cansar
da água principiante a cascata nas gengivas
da nossa vida horizontal.
Com o sol a deslocar-se
de ti para a carne das nuvens, sei que seremos
a foice que cegou a noite e fracturou as vis
labaredas do teu nascimento em mim.
******

pedro s. martins

12 comentários:

  1. O amor sempre é complicado, pois ele pode durar bastante, mas um dia ele nos deixa, seja por ter terminado, ou pela morte do nosso amado, mas por que se preocupar com as coisas antes de realmente chegarem ao fim?

    Vai tirar a graça da coisa.

    Fique com Deus, menino Pedro.
    Um abraço.

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  2. Olá Pedro...vim conhecer o seu blog
    e agradecer a sua visita.
    Não sei...mas ao ler achei que você está triste!
    Espero ser só uma impressão!
    Um abraço carinhoso

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  3. Se me perceber, verá que eu sou muitos de mim.

    Obrigado pela visita. Será sempre bem-vinda.

    Pedro S. Martins

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  4. sempre rodo tucentrica
    em volta do teu umbigo
    eu já dizia
    mas re-pito
    : sempre às voltas aqui...

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  5. ...palavras envoltas em muito sentimento. Gostei.

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  6. "Com o sol a deslocar-se
    de ti para a carne das nuvens, sei que seremos
    a foice que cegou a noite e fracturou as vis
    labaredas do teu nascimento em mim." Belo poema, especialmente esses últimos versos.Bj

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  7. Não devemos beijar tudo, só alguns, os eleitos...

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  8. 'Não tens idioma para transformares
    a nossa vida em cantos esdrúxulos"
    linda metáfora e poema!Saludos, Anita.

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  9. um belo, belíssimo poema de amor. como dizes por aí, és mesmo muitos de ti.
    beijos

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  10. Muito bonito...tem um quê de tristeza nas entrelinhas...

    Bom fim de semana pra vc!

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  11. Muito obrigado a todos.

    A tristeza não é minha, é de quem está no poema.

    E já está outro poema disponível. Vale a penar espreitar, se não for pelas letras, pela ilustração.

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