I
Influenza cintilante,
o que é preciso,
doutor, para o deixar cativado? As curas andam caras
e tu
rastejas no limbo a tempo de regredires
à origem. Sei de tudo isto porque
discutirás no teu ontem – meu amanhã – em discurso
encenado na sabedoria do
precário.
Criarei a noite petrificada
para que a exaltação seja nula.
Ouve-se daqui a ranger da dentição
que te ocupa a situação. Revela-te as falhas,
as gengivas derrubam-te a existência
com a sua inflamação de crenças e rituais. Esqueces-te
dos acordares da morte.
Sentado em escaras e apenas
deliras com trechos
de idas ao passado por força de tratados
que deixarás na clara pendência.
Influenza aterrada em gestos presunçosos sou eu
que caminha a fúria em mim.
E com o erguer da sombra do teu braço,
queria-te lamber as feridas da alma e
deixar a saliva lentamente a servir
de cicatrizante flutuante.
Queria-te raspar (influenza) do corpo mole
com uma espátula de cinza quotidiana
para não te deixar esquecido no
lento arfar que as palavras despenhadas
ainda têm em ti.
Casei com o conceito de te salvar, mas sou
amante das circunstâncias.
O tempo avança e tu não. Queres revelar-me
a sublime colisão com o vazio, a derradeira
visão da distinção entre ti e a tua sombra colorida
pelos resíduos que me ficaram. Não me achas cansada
de ser hemisfério estacado no magnifico acto
do luto moderno?
II
Chego a casa do tratamento e lês em voz
alta aquilo que será o píncaro do meu funeral. Descubro
lentamente que estou quase a deixar-te e não me lembro
de tudo. Apenas memorizei que começas na influenza, passas
pela minha cura através de saliva e acabas no luto moderno.
Decora-o. Depois de amanhã
será um funeral chuvoso.
pedro s. martins
um par da mesma jarra
Há 3 horas
Chego!... As paredes são pó espalhado pelo chão.
ResponderEliminarDeixaste os ombros arrastados na queda. Choras... de joelhos, o que não soubeste defender. Distraída, como estavas, num ontem que te escapou das mãos.
Chego!... Tu partiste, vestida de um luto que nunca te saíu da alma...
Obrigada pela visita.
Gostei e vou estar por aqui.
Um beijo
absoluta
ResponderEliminarmente
divino
.
um beijo
desculpa fazer um comentário mais pessoal, mas comove-me a ideia de um funeral chuvoso, pois foi sempre assim que desejei o meu, daqui a muito tempo, naturalmente. um beijo, pedro.
ResponderEliminarfebril, viral, e as mutações infinitas...
ResponderEliminarô benhê, mas que coisa boa. abaixo os desígnios insondáveis; o lirismo que não é libertação!
ResponderEliminarArrepiaste me.
ResponderEliminarbjo
No funeral apareceram dois homens baixos.
ResponderEliminarEles estavam numa montanha que confundia sal com vento.
havia um incêndio e nevava (isto não é retórica, era assim que "funeralizavam" o dia).
lamberam as feridas porque é preciso lavar o corpo morto (quantas vezes morreste hoje-ontem-amanhã?).
a saliva, tu sabes, não desinfecta. a saliva infecta e cria marcas. Marcas dizem que são sinais. Todos juntos -sinais que eram marcas que eram saliva- criam constelações e isso é bonito no céu ou num espelho, mas dentro da angústia de um corpo vazio de cheio, arde...
Eu passeio-me pelo teu poema. Não fiques triste se nem sempre te entendo. Este passeio é como o deslumbramento pelo excesso de ar respirável ou pela surpresa de ver absoluta a paisagem na nudez humana. Como falar essa intensidade?
Ler, como quem te raspa no poema, para que não te esqueças deles em ti (dois homens ou mais, a mulher sonâmbula transportando líquidos, a mão de menino a atirar pedras-palavras-poemas,....)
Eu volto a ler-te. o funeral é uma passagem, sem presságio de fim. morrer é regressar.
depois logo verás se é assim que contaste a história.
E se depois do depois o silêncio que semeaste no jardim se transformar em ouro como disse o provérbio, cria bijuteria para enganar a superfície. A superfície é fácil de enganar.
Tu és dos lugares todos e das intimidades das superfícies
e ainda te cantas e contas, ao contar-te noutro.
Mira, mirone, mirando, mira e escreve.
Mais tarde lemos o teu poema... é portátil a mala que te traz. Cabes num poema e nunca podias ser mais pequeno e nunca podias ser maior.
Vou parar. Influencia-me o ar do teu poema.
Nesta Páscoa que você seja convidado
ResponderEliminarPelo nosso mestre...
A confraternização
Para que começamos a sentir
a presença dele em nosso irmão...
Para a busca da paz,
Da união.
Olhar para o lado dar um sorriso...
Um aperto de mão.
Que Jesus nos encaminhe
para um novo amanhecer...
Buscando no irmão o seu valor...
Que a Páscoa! Não seja só um dia,
Que seja todos os dias do ano...
De busca, pelo o amor...
O reconciliar...
A confraternização...
A harmonia...
Que o coelho não traga só ovinhos de chocolates...
Que ele traga em sua cesta...
O AMOR E A PAZ.
(Ducarmo de Assis)
Boa Páscoa para você e toda sua família
ai que arrepio.
ResponderEliminare aqui me quedo....
beij
apesar da chuva. faço questão de estar no funeral.
ResponderEliminarbeijo.
que a chuva seja de vida!
ResponderEliminare água pra nos levar...
Páscoa feliz!
abraços
Estou a começar a seguir o teu blog.
ResponderEliminarTambém tenho dois, um sozinho e outro com o meu filho. Vou voltar.
Um boa Páscoa.
Victor Gil
Saudades de Alguém
ResponderEliminarSaudades, um pedacinho de emoção
dentro da gente...
Um pedacinho de outra pessoa
dentro da gente...
Uma voz, um olhar, um toque.
De repente uma angústia.
Saudade do que não fez,
ou daquela vez.
Saudades...
Das coisas, do lugar, da pessoa...
De um beijo, de um carinho,
daquele jeito diferente...
Ou do sorriso, de repente...
Saudades de alguém...
Saudades de você.
Beijos e ótima semana pra ti!