(imagem do Sr. Basquiat)
Ontem foi um dia
agasalhador. Frio e chuva, neve e gelo
preto substituído por um striptease
que só a alma sabe fazer.
Sem pernas bem torneadas, sorrisos
plásticos ou mamas de fazer corar
aqueles que têm mau gosto,
encantou-me o sopro dos seus
gestos.
A meio do espectáculo, saí
deixando-me onde estava sentado. Meia volta
e olhei para perceber que a cadeira
estava vazia.
Aproveitando o lanço, dirigi-me a ela,
Interrompi-lhe o espectáculo e sentei-me
no seu colo a chorar. Continuei a celebrar o momento,
e entrei-lhe pela boca.
Encontrei-me lá dentro. Ou seja, encontrei-me a mim,
a mim que tinha deixado na cadeira e a mim
que estava fora da alma. Demorei algum tempo
a acostumar-me a este calor e a estas tonalidades
alaranjadas, porém, foi
fácil perceber que todo o espectro cénico decorria
dentro e fora de mim. Era palco e
espectador. Era eu que me despia
e
batia palmas, assobia, uiva: comportamentos
distintos de macho que cresceu à força de (apupo
este fragmento frásico)
influências.
Acabou, recobro de sentimentos, regresso à minha
embalagem de fabrico para sair logo de seguida:
é impossível escrever este poema dentro do meu corpo, tenho
tanta cangalhada entre a alma bailarina e os dedos, que só
daqui consigo chegar às letras.
Talvez logo regresse à minha forma corpórea. Dependerá do frio
que aqui estiver.
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pedro s. martins
Hum, o frio quebra tudo, ate a alma. :)
ResponderEliminarLindo texto.
o senhor basquiat foi o máximo não foi?
ResponderEliminarexcelente selecção esta para este texto.
sem frio por enquanto por aqui.
Peço licença por usar suas palavras, mas apupo todos estes fragmentos frásicos.
ResponderEliminarLindo!
ResponderEliminartanta cangalhada entre a alma bailarina e os dedos... o defícil caminho.
ResponderEliminarbeijos