domingo, 11 de janeiro de 2009

vivos, mortos, vivos

Estou amarrado à cama
a re.matar cada morto que
tenta incomodar meu sono.
Não há paciência.

Não dão descanso. Vejo-os
disfarçados de cisnes, de maçados e
maracujás. Disparo chumbo sobre cada um.

Quando pouso a arma de arremesso imaginário
fico com uma rosa em cada mão. A pedir
a clemência que merecia ter. Não foi este o
caminho que tracei para mim, alguém a quem
não conheço as feições traçou-o por mim.

Nem sei quem se aproxima de mim a esta hora da noite.
Dou-lhes um tiro de aflição e peço-lhes guarita
Enquanto cá estiver,
vivo.

Seus mortos, escolham:
Arma ou alma.

A esta hora já não vejo nada,
o nevoeiro caiu sobre os meus olhos
e apenas me faz ver a mim, reflectido
no gume do meu sabre a escorrer alma.

Não olhem para mim, vejam-nos a eles
a levantarem a tampa da morte como se
erguessem a portinhola da alma.

(estás morto. Ainda assim, toma lá esta facada.)
(estás corporeamente enterrado. Ainda assim toma lá
este pedaço de alma mascavada.)

Peço desculpa a todos os que leram até aqui. O
morto sou eu e as agressões são sobre o meu
pêlo que ainda não foi à terra.

Se me virem a bailar no caixão, é porque
São Pedro me deixou entrar em Las Vegas.
******

pedro s. martins

5 comentários:

  1. Uma poesia onírica, talvez surreal. Eu gosto. Beijos

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  2. e tu de tanto estar morto, estás vivo. obrigada pelo convite. gostei das palavras. vou passando Pedro. *

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  3. ...Fala poeta!!!!
    bem vindo à rede.

    aquele abraço...

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  4. Obrigado a todos.

    Mariab, apelidar a minha poesia de surreal é um grande elogio para mim.

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