(no words - from pat with honey)
Com o meu silêncio deixo-vos uma esperança
presa em fio de arame rúbeo juntamente
com a sórdida humanidade espalhada pelo chão.
Não terei a força de uma presa cega e colada
ao tampo deste poema
Deixo-vos também a condição dos relâmpagos
a escangalharem o breu como um vidro escuro
estilhaçado por rachas brancas. Não há calor
onde estou, nem luz em quem sou.
Resta-me observar ao longe o cair dos dias
sequencialmente na espera de algo que ainda
não deslindei. Com um pé atrás do outro, viajo
para a placenta. Regresso ao mumificar-me
eterno.
Não me preocupa os cordões ou o acordar
para o perder de uma vida que nunca foi minha. Finalmente,
farei jus ao título desta casa e comerei as limalhas caídas
destas linhas eléctricas sem dono ou tempo.
Porquê? – o amor. As vozes que me purificam o estado
das lutas em rosas à procura da seiva pura. Soube
que as letras não eram subterfúgio suficiente
para o assombroso apêndice do saber. Tudo o que sei
está-me na língua. Devorá-la-ei até que o fenómeno
do conhecimento vergue a constelação
que em mim pousou.
Esta leveza de mão desequilibra-me a alma. A fragilidade
dos poemas é cortante na profundidade das palavras. É
o tremor da moda a escalar na vertical e a escangalhar
o fôlego exaltante da poesia.
Há-de haver mais. Quando o prumo da quietude roçar
as faúlhas do uníssono: homem e palavra. Até lá, anda
muito ar queimado pelo padrão óbvio de somar sinónimos
pelos lábios da conjunta boca sôfrega.
Seremos o frescor da língua indestrutível.
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pedro s. martins
Encontrei-te entre amigos do Face. Vim ver o teu espaço e deparei-me com esta delícia de poesia.
ResponderEliminarGosto da tua escrita.
o frescor da língua indestrutível. aqui, na tua poesia tão nova, tão original.
ResponderEliminarbeijos
"Não há calor onde estou, nem luz em quem sou." - muito pelo contrário, como prova este teu blogue repleto de sensibilidade.
ResponderEliminargostei do que vi e li
ResponderEliminarparabens pelo trabalho
boa semana
beijinhos
Carla
Afamada liberdade desabrocha pétalas que celebram a vida com delicado afecto!
ResponderEliminar:) continuação
obrigada pela visita ao meu sítio.
ResponderEliminargostei do que li aqui. como que um retorno ao silêncio ainda inocente...
deixo-vos a condição dos relâmpagos. é o verso entre os versos. é lindo! muitos parabéns! um beijinho.
ResponderEliminarPedro
ResponderEliminarPeço desculpa mas é tão raro visitar o correio gmail. Se quiser falar comigo escreva para graca-martins@kanguru.pt
Claro que tenho todo o gosto em visitar o seu blog e ler os poemas. Por isso ele está linkado no meu blog.
Beijinhos e bom trabalho
Graça
O que te cabe dentro esvoaça o nu daquele que te olha de outras terras. O choque inevitável desce das esferas, para compor restias de luz e misturas solenes. No Alentejo diz-se água-pé.
ResponderEliminar"E tudo o que vês não é submerso...
ResponderEliminarA imagem que observas é o regresso."
excelente poema, com estrofes que são uma verdadeira delícia.
ResponderEliminargostei!
um beij
"Seremos o frescor da língua indestrutível"
ResponderEliminarTu és!
Um beijo.
Desprende-se aqui a vontade daquele eterno retorno!
ResponderEliminarexcelente poema. de antologia.
ResponderEliminarabraços
...vale a pena seguir o que dizes de forma tão magestosa.
ResponderEliminar*
ResponderEliminarse "isto"
não é poesia,
a poesia o que é ?
,
saudações,
,
*
gostei! há sempre alguma fragilidade nas palavras quando saem directas do coração.
ResponderEliminarum abraço
muito obrigado a todos. novo poema com uma foto excelentíssima.
ResponderEliminarSempre haverá mais, mais amor, mas também mais desilusões, em contrapartida semprehaverá alegrias, porém haverá a partida daqueles que amamos...
ResponderEliminarEm outras palavras a vida é um ciclo, pois nada nele é duradouro, nem mesmo a tristeza que teimamos em deixar no nossos corações.
Fique com Deus, menino Pedro.
Um abraço.