domingo, 8 de março de 2009

sentada

Segredaste-me que a minha falésia era
o rutilante espelho que trago impresso
na carne. Ao acreditar
abri de imediato
o incandescente transladar da minha decisão
para a tua vontade.

Perdi o narrador que havia em mim
para o teu contornar de vivências –
assaltos num ringue de emoções
viciadas.

A minha vida passou a ser assim: sentada. E não é isso
que me dói mais.
Constatar o abrupto cortar das raízes fixantes
à eternidade é o motivo de tantas vezes patinar
no silêncio do pousar rude na beleza do horizonte
avistado do meu alcantil.

Dia uno a viver sob um céu de gambiarra.
******

pedro s. martins


PS: quem quiser que o ilustre, quem quiser que o comente, quem quiser que se inspire.

17 comentários:

  1. "Perdi o narrador que havia em mim
    para o teu contornar de vivências"

    Gostei em especial desta parte! Levo comigo...

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  2. São interessantes os ardis que nos fazem parar.De repente,era o momento desse "enraizar-se",mas achei incrível a "vida sentada",achei muito forte essa expressão.Abraços.

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  3. Pedro
    são gotas de orvalho
    suas palavras
    com música no sangue
    adorei
    voltarei
    sempre
    abraço

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  4. Gosto de ler um bom poema, definitivamente é muito inspirador.

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  5. Pedro,
    belas palavras! obrigada.
    1ª visita, que repetirei com toda a certeza!
    atrevo-me a oferecer-lhe a imagem das 'raízes' do meu último post, ficavam bem aqui, neste poema fantástico! se quiser pode ir buscar! :)

    ainda hibernante, fiz hoje uma pausa no meu hiato.
    deixo-lhe um sorriso :)
    mariam

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  6. poema de imagens muito belas. musical...

    gostei muito.

    abraços

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  7. ... .... .... .....


    .


    tb. Pedro . tb gostei muito!



    forte abraço.

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  8. E quem quiser diga simplesmente que passou por aqu, que é mulher e que gosta de palavras assim, bem arrumadas.

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  9. Amar acaba sendo um troca, troca se um pouco a liberdade por uma abraço reconfortante, troca um pouco de solidão por comunhão a dois e assim sucessivamente...

    Fique com Deus, menino Pedro.
    Um abraço.

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  10. "Constatar o abrupto cortar das raízes fixantes
    à eternidade é o motivo de tantas vezes patinar
    no silêncio do pousar rude na beleza do horizonte
    avistado do meu alcantil."
    que beleza...

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  11. vida sentada, enlatada, alcatifada, estuporada. passou a ser assim, a vida, a vidinha.

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  12. é uma vida diminuída, amputada. é uma vidinha. nem vidinha é, é uma vidita. :I

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