terça-feira, 3 de maio de 2011

UM FIO SOLTO

para o Jorge Roque

Encontrá-lo aí mesmo, como se
pendurado no vazio. Desenredá-lo levemente
e puxar, procurando aquele ponto de tensão
sem, no entanto, o encontrar. Puxar mais e
mais, fervorosamente. Daí a nada
mais parece que é o fio que te puxa a ti.
E puxa, horrorizando-te, enquanto
imaginas que costura do teu mundo
agora se descose.

Diogo Vaz Pinto, "Nervo", Averno, 2011.

2 comentários:

  1. "Hoje quantos somos? Quantos ainda
    sentem o gosto, esse cheiro
    escapando, estranho
    como a nossa juventude.
    Adiados vezes suficientes, mais
    atrevidos ainda, num país que preferia
    não, que gosta muito de chamar
    à parte, de dizer que isto mão é próprio,
    não se faz, ou
    explicar as suas razões e,
    no fim, pedir uma atençãozinha."

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  2. "Tenho o sono
    há dias, semanas já, sem funcionar.
    Não me larga a ideia de que
    endoideço. A boca cheia de asas,
    um rígido tremor, e quando a abro
    (...).

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